Livro disseca história política

Bruno Garschagen, autor de “Pare de acreditar no governo”, vai lançar a sua obra em Belém este mês, em dois eventos. Na terça-feira, dia 7 de julho, ele estará no Sesc Boulevard para uma palestra, a partir das 18 horas. No dia seguinte, 8 de julho, ele vai autografar a obra na Livraria Fox, a partir das 18h30. Um paradoxo levou Bruno Garschagen a escrever “Pare de acreditar no governo”: por que razão os brasileiros, que têm uma imagem tão negativa sobre os políticos, acham que o governo deve resolver os problemas do país? Ou, como disse o português João Pereira Coutinho, no prefácio da obra: por que desconfiamos tanto das raposas, mas queremos mais raposas tomando conta do nosso galinheiro? Para o autor, três exemplos dessa maneira, segundo ele, excêntrica de se pensar a política no Brasil se tornaram simbólicos no início do século XXI. Em 2013, no rastro dos protestos pela redução das passagens no transporte público, os cidadãos foram às ruas para pedir que o governo resolvesse os problemas que ele mesmo criou. Em outro exemplo, ele cita a “Marcha da Família com Deus”, realizada em 2014, que pedia a intervenção militar no governo, o que, para Garschagen, é trocar um problema por outro. O último exemplo aconteceu ainda durante a Copa do Mundo de 2014: diante do iminente fracasso da Seleção Nacional, jogadores, jornalistas, comentaristas e um ministro do governo federal aventaram a hipótese de uma intervenção estatal no futebol. A tese é de que só com mais investimentos voltaríamos a dominar o esporte que é a paixão nacional.
Cientista político, Garschagen passou a estudar os elementos de nossa trajetória política para entender esse paradoxo. O livro percorre a história, de Dom João VI a Dilma Rousseff, para compreender por que os brasileiros, mesmo os chamados liberais ou conservadores, tem defendido a existência de um  Estado forte e imponente como base para o desenvolvimento e a sustentabilidade do país.
Com texto leve e bem-humorado, Garschagen traça, neste ensaio, um perfil de todos os governantes do país, tendo como fontes historiadores brasileiros e portugueses. Reconhecer nossos erros, como a burocracia e a corrupção, segundo ele, é a chave para entendermos os caminhos que precisam ser trilhados para eliminar os vícios e reformar a política no país
Bruno Garschagen é mestre em Ciência Política e Relações Internacionais pela Universidade Católica Portuguesa e Universidade de Oxford (visiting student), professor de Teoria Política, tradutor, podcaster do Instituto Ludwig von Mises Brasil e membro do conselho editorial da Mises: Revista Interdisciplinar de Filosofia, Direito e Economia.
Trecho do prefácio: “(...) E é assim que, pela pena irônica e informada de Garschagen, viajamos com os primeiros portugueses rumo às terras de Vera Cruz; conhecemos o “estatismo” iluminista do Marquês de Pombal, igualmente exportado para o Brasil; e, depois da independência do país, acompanhamos a forma como o “Leviatã” foi engordando na teoria e na prática: pelo positivismo reinante no século 19; pelo “jacobinismo” tropical da República Velha; pela ditadura de Getúlio Vargas; pela tutela dos militares a partir de 1964; e, lamentável consolação, pelos governantes que vieram com a democracia e que apenas prolongaram o que Garschagen define como uma cultura de “servidão, submissão e dependência.(...)” (João Pereira Coutinho)
Na “orelha” da obras Rodrigo Constantino afirma que “o livro passa como se fosse um rápido (e triste) filme de nossa história política, desde a chegada de D. João até Dilma, “comprovando que nada é tão ruim que não possa piorar”.