A vida inventada na Amazônia

O pintor paraense Paulo Andrade abre hoje (28), às 19h30, no Museu do Estado do Pará (MEP), a exposição “Da vida inventada”, onde mostra o resultado do seu trabalho  de muitos anos, recolhendo e recriando aspectos do que seria a espontânea manifestação de uma cultura visual caracteristicamente amazônica, e, especificamente, paraense. Sobre o que está na origem de sua pintura, ele revela: “Nosso povo, inconscientemente constrói no seu imaginário e formula um sistema paradigmático de sinais, sons, formas e cores através de um gosto específico. Sai elaborando coisas como quem faz brinquedos e faz brinquedos como quem constrói coisas. Sua arte embutida tem desconhecido começo. Quem há de sabê-lo? Imperscrutável, esse imaginário trata de uma vida que é pura invenção e que contrasta com sua vida real. Esse sistema ‘estético’ instiga, elabora e se conclui”, diz.
Aberta à visitação até 28 de maio, a exposição apresenta 20 telas de tamanhos variados, produzidas em 2014 e no início deste ano com a temática trabalhada pelo artista ao longo de sua carreira: o imaginário popular da Amazônia. Em suas telas, registra detalhes observados no cotidiano do caboclo amazônico, como objetos feitos com miriti, aspectos do Círio, barcos, bandeirinhas, além da arquitetura, que para ele “representam uma alegria que não é verdadeira, já que o caboclo amazônico tem uma vida miserável. Por isso, ‘a vida inventada’”.
Paulo Andrade diz que sua pintura se faz com “hipóteses que configuram essa vida inventada, como tantos já o fizeram. E insisto em pintar mesmo que Oiticica, nos 1970 tenha dito que ‘a pintura está definitivamente descartada’. A base de seu trabalho é a cidade de Belém, o mercado do Ver-O-Peso, a Ilha de Mosqueiro, assim como o Arquipélago do Marajó. Encontrei tanto na capital, como no interior do Estado algumas similaridades nas suas vivências, que estão presentes nas minhas obras.”