Elis vive

Se estivesse viva, a cantora Elis Regina teria completado ontem 70 anos. Para comemorar uma data tão importante para os fãs da música brasileira, entrou no ar ontem o site oficial da artista. A página traz todo o material que pôde ser visto na exposição Viva Elis, que passou por algumas cidades brasileiras em 2013.
Idealizado pelo filho mais velho de Elis, João Marcelo Bôscoli, empresário e produtor musical, o site é lançado após insistência do público, que sempre desejou um espaço online com conteúdo da cantora. A página disponibiliza toda a discografia de Elis, incluindo compactos e álbuns póstumos, além de várias fotos e vídeos. Boa parte desse material jamais foi visto pelo público.
Também é possível fazer download gratuito do livro Viva Elis, de Allen Guimarães, que conta a biografia artística da cantora. João Marcelo Bôscoli organiza o show Elis, 70 anos, que será realizado em 23 e 24 de maio no Palácio das Convenções do Anhembi, com uma banda tocando os sucessos da cantora.
PIMENTINHA
Elis Regina nasceu em Porto Alegre. Mas foi no Rio de Janeiro e em São Paulo que conquistou fama. Em 5 de agosto de 1964, um endereço na Praça Roosevelt, centro de São Paulo, foi o palco do primeiro show de Elis Regina na cidade. Onde hoje funciona um bar, existia uma boate, boate Djalmas. A jovem Elis, de 19 anos, encantou a plateia. Algumas dezenas de pessoas lotaram o lugar para ver a artista que começava a despontar. Elis invadiu o rádio, a TV e ganhou o mundo. Uma vida intensa, interrompida bruscamente, aos 36 anos.
Elis Regina arrebatou público e crítica, com uma voz afinadíssima, lindíssima e interpretações emocionantes. O trabalho incomparável deixado pela cantora continua vivo e reverenciado pela maioria dos brasileiros e por muitos estrangeiros. Não é para menos: o sentimento que Elis colocava nas interpretações era de emocionar qualquer um. “Ela marcou muitas gerações, ela foi muito visceral. Então sem sombra de dúvida, a música dela não morre jamais. Todo mundo lembra”, diz o ator Marcos Barreto.
A Pimentinha, como Elis também era chamada, ia da melancolia ao sorriso mais escancarado. Expressões imensas, de uma mulher que crescia no palco. Uma cantora que passeava pelos mais diferentes estilos musicais, sempre de um jeito único. A escola de samba Vai-Vai adiantou o presente fez da cantora o enredo deste ano. E levou o título de campeã do carnaval de São Paulo.
Outra homenagem veio do jornalista Julio Maria, que lançou ontem (17), uma biografia sobre a Pimentinha. “Ela trazia a angústia da noite anterior, o drama do dia anterior e era muito rica em dramas. Então essa mulher vai levando essas angustias para o palco e vai quebrando essa história de que sou interprete no palco e tenho a minha vidinha fora dele. Não acho que tenha tido nada igual antes e não vejo nada parecido depois”, defende Julio Maria.
Mesmo pensamento de quem trabalhou com Elis. “Ela tinha capacidade de dar expressividade à interpretação que valorizava a música, ela era fantástica, ela cantava como músico, por isso os músicos adoravam ela”, afirma o produtor musical Zuza Homem de Mello.