Celpa pede à Aneel que autorize mais um reajuste
Nem bem entrou em vigor o mais recente reajuste da tarifa de energia elétrica de 3,6% no Pará está prevista uma nova revisão extraordinária nas próximas semanas. Segundo informações do Conselho Nacional de Consumidores de Energia Elétrica (Conacen), a Celpa Equatorial solicitou habilitação junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para rever extraordinariamente o atual valor cobrado pelo quilowatt/hora em território paraense. Assim como a Celpa, várias concessionárias do país fizeram o pedido ao órgão regulador.
Segundo o diretor técnico do Conacen, Carlindo Lins, por fatores hidrológicos, a bandeira vermelha vai atravessar o ano inteiro. Ele diz ainda que, no caso das concessionárias, a lógica do pagamento pela energia comprada junto às distribuidoras mudou. “Como o Tesouro não está mais adiantando os recursos para compra desta energia elétrica, devido às mudanças idealizadas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, as empresas vão buscar junto aos consumidores o valor para pagar esta aquisição. Ou seja, o montante que era adiantado pelo governo, a partir das receitas dos contribuintes, passa a ser pago pelo consumidor”, esclarece. Ainda de acordo com Lins, a partir do ciclo tarifário, é permissivo que ocorra três revisões extraordinárias a cada quatro anos, caso a concessionária entenda que o valor por ela recebido não cubra os custos para administrar a empresa.
Desta forma, conforme o diretor técnico do Conacen, mais um reajuste deve ser autorizado nas próximas semanas. Nos últimos oito meses, a conta de luz ficou quase 40% mais cara em território paraense.
De acordo com os levantamentos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos no Pará (Dieese-PA), o reajuste médio extraordinário de 3,6%, que começou a ser cobrado esta semana, pela concessionária, vai alcançar, aproximadamente, dois milhões de unidades consumidoras. Se somado ao reajuste tarifário autorizado pela Aneel em agosto do ano passado, na ordem de 34%, a expansão da fatura de luz nos últimos seis meses é quase oito vezes a taxa inflacionária do mesmo período, que foi de 5%.
Ainda de acordo com as pesquisas do Dieese-PA, a exemplo dos reajustes anteriores, o mais recente aumento autorizado pela Aneel também será segmentado, com percentuais diferenciados entre grandes e pequenos consumidores. Os números apontam que, para os grandes consumidores, a elevação da tarifa será ser superior a 4%. “A expansão tarifária em todo o Brasil foi de 83,33%, com a chamada bandeira vermelha, em vigor desde o mês retrasado, passando de R$ 3, quando lançada, para R$ 5,50, a partir de agora, a cada 100 kWh de consumo”, revela o supervisor técnico do Dieese-PA, Roberto Sena. Ele diz ainda que os novos valores não foram reajustados de maneira uniforme, ou seja, existe variação entre as regiões.
“Na região Norte, o reajuste médio autorizado foi de 5,5%, sendo que os grandes consumidores terão reajuste médio de 6,6%, e os de baixo consumo, que no caso são as UCs residenciais, o aumento é de 4,8%”, explica Sena. Ainda de acordo com o supervisor técnico, dos sete estados da região Norte apenas três estão tendo reajuste extraordinário: Pará, Tocantins e Acre. “Este é o décimo sexto reajuste na tarifa de energia elétrica dos paraenses autorizado pelo governo federal, a partir da Aneel, desde a privatização da Celpa, em 1998. Ao longo destes 17anos, a empresa teve suas tarifas plenamente recompostas”, diz, frisando não justificar tantos aumentos consecutivos. O supervisor diz que, com este novo aumento, a população sofrerá um duplo impacto: o primeiro pelo próprio reajuste da tarifa, e o segundo pela inflação causada a partir da subida nos preços, repassado pelo setor produtivo.
Consumidor
Segundo o vice-presidente do Conselho Regional de Economia do Estado do Pará (Corecon-PA), Nélio Bordalo, atenuar a alta no custo da energia elétrica é uma missão de todos que compartilham do mesmo ambiente. “A primeiro condição para que realmente se reduza o conta de luz é reunir com empregados, colaboradores ou mesmo com a família, para fazer uma campanha de redução de gastos com energia e estabelecer metas”, avalia. Bordalo destaca que é preciso fazer uma série de ajustes nos hábitos, que vão desde um banho menos demorado no chuveiro elétrico, até instalar sensores fotoelétricos em alguns ambientes da casa, para que a luz se apague automaticamente. “Os jovens e as crianças são os principais consumidores de energia elétrica no lar, ou seja, a partir de iniciativa lúdica, é possível premiar a turma caso a meta de consumo seja batida”, sugere.
Para o empresário Antônio Correia, a saída vem sendo constantes reuniões com os colaboradores. “Antes de todos esses aumentos, já adotávamos uma prática de reduzir os gastos com energia elétrica. Agora, a nossa atenção está mais do que redobrada”, diz. Valorizar as luzes naturais, em detrimento das luzes artificiais, desligar não apenas os monitores, mas os computadores na hora do almoço, assim como a central de ar, são algumas das medidas mais urgentes adotadas pelo empresário. “A tarifa aumenta, é uma realidade, mas o consumidor não se vê prejudicado apenas por este motivo, pois, falta transparência. Tenho sentado e analisado com calma a minha conta, e a falta de transparência faz do aumento algo absurdo”, dispara.
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