Brasil África tem mistura de linguagens
Diversidade artística ficará em exposição no Centro Cultural do Carmo
O Centro Cultural do Carmo abre sua pauta de 2015 num encontro do público com artistas de diversas linguagens e vários olhares sobre a africanidade que formou a cultura brasileira, suas energias, memórias poéticas e sagradas. A mostra Banquete Brasil África acontece de hoje até 28 de março e toda sexta-feira do mês haverá uma programação especial, a partir das 19h.
Laurenir Peniche, produtora da mostra, explica que a proposta era explicitar a contribuição da cultura negra na identidade brasileira. “O Banquete Brasil África é um verdadeiro Kizomba - uma grande reunião - onde artistas de diversas linguagens pudessem conectar o púbico nesses cotidianos, nessas memórias que temos todos os dias e não nos apercebemos que vem da África”.
Para ela é importante essa apropriação cultural. “A proposta é desmistificar essa ideia que se construiu de uma África distanciada. É mostrar um pouco da verdadeira contribuição do negro na cultura brasileira e também amazônica que vai da gastronomia à religião, passando também pela produção artística que se construiu no Brasil”, acrescenta.
A estreia, hoje, traz o vernissage da primeira exposição individual do artista visual Mauricio Franco. Recanto é uma leitura de memórias dos congás e famílias e traz o panteão africano, a força matriz que se misturou até chegar à umbanda; o Recanto Miraci das Selvas – conga cenário da infância do artista, protegido pelas mãos de sua mãe e alimento do universo que hoje se mistura a sua arte.
“Esta exposição me remete a um momento especial na minha história, uma volta ao ninho, à infância. Muito do aprendizado era deitado com minha mãe Dona Jacydia Salgado. Lembro dela na rede depois de muito choro e oração. Desta forma, faço um traço entre o inicio de tudo, do inicio na minha vida e da própria umbanda, os Orixás”, esclarece o artista.
Maurício Franco, um “retratista de Orixás”, personifica as entidades em diversos suportes, entre os quais a sucata, o papel e a tela. Nessa mesma noite, a mostra também recebe a atriz Rosileine Cordeiro, numa performance no espaço místico construído por Maurício, ao som da voz e do batuque dos artistas Jeferson Moraes e Maércio Monteiro. A exposição Recanto fica aberta à visitação no CCC, de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 15h às 18h, e aos sábados das 9h às 13h. A entrada é franca.
Já na programação especial da sexta-feira 13, acontece o lançamento do documentário “Nós Quilombolas da Amazônia”, resultado das atividades desenvolvidas pelo projeto Nós – Quilombolas da Amazônia, que foi premiado no III Ideias Criativas Alusivo Ao Dia Nacional da Consciência Negra, da Fundação Cultural Palmares.
O documentário foi produzido por 25 jovens quilombolas do município de Acará e em novembro de 2014 e revela as histórias planadas naquele lugar e realizado em parceria com a Malungu - Coordenação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Pará.
Música e poesia também terão momentos especiais no Banquete Brasil África: na sexta-feira, 20. A “Noite Negra” reúne os poetas Antônio Moura e Nilson Oliveira e os músicos Edelmiro Soares e Handerson Barboza para um sarau afro-brasileiro. Mauricio Franco também participa da noite com a performance “Tatuagem na Tela”, pintando inspirado pelo momento. E o último encontro da mostra será em homenagem ao Dia Mundial do Teatro - celebrado em 27 de março, mesma data da programação. A cena abre com o espetáculo de bonecos “A batalha”, com manipulação de Juliana Medeiros, Mauricio Franco e do bonequeiro Jeferson Cecim. Em seguida, encerra com a performance “Um Canto para Oxum”, com Pauli Banhos, Pedro Olaia e Roberta Costa.
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