Belém: A bela cidade das mangueiras



Diante de tantas interrogações explícitas no texto que corresponde ao editorial de hoje do Jornal O Liberal, que se refere às demandas não contempladas, a cidade de Belém é a porta de entrada da Amazônia e continua bela como sempre, comemorando os 399 anos de história.   



Belém é vida


Belém é vida, é inspiração, é história de todos nós, que nascemos e morremos a cada dia neste lugar, casa, morada, ethos de sonhos, realidade de ribeirinhos, do cheiro da rua molhada sob pés descalços, que sentem a água infiltrada, do verde das mangueiras, das sombras que abrigam finais de tarde, das conversas de pé de ouvido que celebram o tempo, que passa devagar, no ritmo da chuva da tarde.
Belém, da vida que foi, que é e sempre sera à margem da metrópole do mundo real porque se ressignifica, é lar, ribeira de sonhos, de cenas, de poemas, que dizem o que sentimos sem sentirmos que o dizemos.
Belém da inspiração, das músicas, dos livros, fonte que alimenta artistas, que se eterniza em letras e refrões, que supera as suas próprias diversidades e se reinventa a cada dia, que se assume e cria sua própria identidade. 
Essa quase quatrocentona, morena gostosa, do tacacá, da maniçoba e do tucupi, dos cheiros e sabores amazônicos. Essa dama formosa, essa criança bondosa, essa senhora idosa, é mãe, filha, esposa santa, virgem lírio mimoso dos círios católicos, evangélicos, ateus, de todos, com ou sem, enfim, por fim, essa senhora idosa, que nos acolhe em seus braços e nos dá vida.
Como diria Raban, tudo o que é sólido  se desmancha no ar. Os velhos gargalos ainda são os mesmos, o PSM, o BRT – com todas as letras da incompetênia, o alfabeto de A a Z.
Belém não merece a gestão que tem tido nos últimos anos. Oxalá a atual seja diferente e mostre a que veio, como anuncia o prefeito, garantindo que o projeto de mobilidade urbana do Bus Rapid Transit estará em operação até o final do ano.
O que se verifica, no entanto, é que a população de Belém quer mais, quer espaços de lazer, quer praças para levar os filhos em segurança, quer poder ter com quem contar. Mas, para isso, é preciso um trabalho educativo junto às bases para que o valor das ações seja reconhecido.
O aniversário de Belém bem que poderia ser o aniversário de um cidadão qualquer, como qualquer um que merece o respeito da sua cidade e esta é, está e tende, aos seus concidadãos. A Metrópole da Amazônia ganha respeito pelo que representa, pelo que pode, deve ou não ser seguido, num caminho em que a cidadania vai além das fronteiras, rompe barreiras e esbarra em questões demasiadameante políticas.
Se a saúde patina, se a educação titubeia, se a cobrança é relapsa, a quem devemos recorrrer? Somos crianças, sim. Àvidas de novidades, mas carentes de ações; o governo, seja ele qual for, precisa passar no crivo da população, o que pressupõe aprovação ou não de projetos de suma importância para a vida da cidade.
Se Belém acaba de fazer 399 anos, pergunta-se: o que tem sido feito nos últimos 398 anos? Quem foram os protagonistas dessa história? Acabou ou ainda terá novos capítulos? Como chegar aos 400 anos incólume? Como não amargar quatro séculos de atraso, sucumbindo nos últimos quatro?
É fácil a resposta... Basta responder. Basta responder às demandas da educação, aos pleitos da saúde, ao clamor das ruas, à reivindicação – justa ou não - de quem sempre haverá de cobrar. E não basta jogar a responsabildade pelo fazer e re-fazer a quem, de direito, espera ser reconhecido. Afinal, há ou não responsabilidade no querer e fazer do Poder Público? Se há a intenção, que seja transformada em ação. Do contrário, nada há que se comemorar nesses 399 anos.
O que se deve ter em mente, antes de tudo, é que a cidade é um ente, tem vida própria, independentemente dos seus habitantes, individualmente falando, mas é fruto de uma ação coletiva que depende da ação individual e corriqueira de cada um. Portanto, viver, ser e estar – numa cidade - é, antes de tudo, e inserir-se, partilhar, integrar-se, pois o homem não é uma ilha, mesmo que Belém seja um arquipélago de possibilidades.