Belezas do Rio em Belém
Depois de passar dois meses de 2012 em cartaz no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), a exposição “Mostra Carioca: a impureza como mito” agora chega ao Norte e Nordeste do Brasil, regiões representadas por Belém e Fortaleza-CE. Na capital paraense, as 56 obras de artistas cariocas ou radicados no Rio de Janeiro, ficarão expostas no Espaço Cultural Casa das Onze Janelas, a partir deste sábado, dia 26, até o dia 21 de setembro, sempre com entrada franca. A curadoria é de Marta Mestre e Luiz Camillo Osorio.
As 56 obras da “Mostra Carioca: a impureza como mito” têm em comum o caráter de representar lugares e ambientes do Rio de Janeiro sob a ótica provocativa e cotnraditória de diversos artistas, cariocas, brasileiros e até estrangeiros, que moraram e produziram material enquanto sediados na cidade. As obras fazem parte tanto das coleções do MAM Rio, tanto do acervo do Museu, quanto das coleções de Gilberto Chateaubriand e Joaquim Paiva, que estão no Museu carioca em regime de comodato.
“A mostra não pretende ‘tematizar’ o Rio, mas revelar o quanto a cidade foi e permanece sendo um espaço ao mesmo tempo caótico e criativo que alimentou uma vontade de arte que combina improvisação e rigor. Do final do modernismo, passando pelo concretismo, pelo neoconcretismo, pela pop e pelo conceitualismo, e chegando ao momento contemporâneo, uma espécie de ‘espírito carioca’ perpassou - consciente ou inconscientemente - a criação artística local, potencializando sua articulação e penetração global”, afirmam os curadores.
A curadora Marta Mestre já se encontra em Belém, no processo de montagem da exposição. Ela, que é portuguesa e se declara também encantada com o cotidiano carioca, revela que, na vinda para Belém, foram acrescidos trabalhos pertencentes ao acervo do Museu das Onze Janelas. “O sentido desterritorializado do espírito carioca, em que o local e o global alimentam-se de desafios e inquietações comuns permitiu, com naturalidade, incorporar trabalhos do acervo do Museu das Onze Janelas, e fortalecer esta parceria institucional”, explicam os curadores.
Entre os artistas que têm trabalhos expostos, há paraenses como Aluísio Carvão, já falecido, e Osmar Dillon, que até hoje vive no Rio de Janeiro. “A escolha por Belém se deve à importância da cidade na região amazônica, além da importância artística que tem”, destacou Marta, conhecedora do trabalho de artistas como Luiz Braga, além dos outros citados, que fazem parte do acervo do MAM Rio. Ela explica que só foi possível trazer a exposição para Belém e Fortaleza após a aprovação no editoal da Petrobras, principal patrocinadora da Mostra Carioca.
Farão parte da mostra também obras emblemáticas, como dois “Metaesquemas”, de 1957, e cinco “Parangolés”, de Hélio Oiticica. Destes últimos, serão apresentas cópias de exibição, que o público poderá vestir. Também fará parte da mostra a obra “Bicho”, de Lygia Clark, de 1960, feita em alumínio. “Os trabalhos foram escolhidos pela sua capacidade de propor imagens reconfiguradas do Rio de Janeiro e da sua vida urbana enquanto espaço de experiência cultural”, ressaltam os curadores. As obras mais recentes são as serigrafias sobre tecido “Cangaço/Xô choque” e “Cangaço/todo poder à praia!”, feitas em 2013 pelo coletivo Opavivará (Rio de Janeiro, 2005). Outros trabalhos atuais são as fotografias da série “Objetos para tampar o sol de seus olhos”, de Paulo Nazareth, de 2011.
Marta explica que as obras retratam o Rio de Janeiro de uma forma pouco usual e bastante diversificada. “O Rio de Janeiro é mostrado de uma forma múltipla e original. Não são só os cartões postais retratados. Temos a favela, o asfalto, a praia e as contradições da cidade, de um modo íntimo, plural. O público belenense que for à exposição vai encontrar belos trabalhos”, garante.
Em Fortaleza, a exposição será inaugurada no dia 8 de outubro e seguirá em cartaz até 30 de novembro, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, também com entrada franca.
Orm
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