Pensamentos de Fé e Esperança - Por Eduardo Machado
A TV Mãe de Deus canal 18 em Capanema em sua grade de programação, reproduz o conteúdo da TV Nazaré e um dos programas que tem chamado a atenção dos telespectadores (estou entre eles) é: "Sobre todas as coisas" apresentado pelo professor Eduardo Machado e a partir de agora estarei postando seus artigos escritos com fé, esperança e inteligência. (PV)
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Ao longo dos meus 37 anos como
professor, na sala de aula, sempre tive especial atenção, afeição e interesse
por alunos que se sentavam perto das janelas. Em geral, valoriza-se os que se
sentam à frente, bem perto do quadro e do professor, e teme-se a turma do
fundão. Eu não. Principalmente nas salas em que a janela, fica no fundão.
A turma da janela do fundão
lembra o garoto que fui na 5ª série (hoje 6° ano). Apesar de ser o menor da
sala, conquistei um lugar que ficava bem ao lado de uma imensa janela, no andar
mais alto do colégio, que dava para a quadra de esportes. De lá eu podia ver as
montanhas, já povoadas de casas e uns poucos edifícios de tímidos três andares,
ali pelos lados da Concórdia e do Alto do Colégio Batista, hoje bairros
populosos da minha BH.
A ‘aula’ que aquela vista me
oferecia me pareciam muito mais interessante do que muitas das que os
professores expunham no quadro. E olha que, pra passar de ano, ao longo dos
anos, tive que aprender coisas como um tal de logarítimo e seus parentes, os
Arranjos, Combinações e Equações que, qual balas perdidas, entravam por um
ouvido (quando entravam) e saíam pelo outro, de tal forma que se me
perguntarem, hoje, por onde anda essa gente, direi que devem estar junto aos
afluentes da margem direita, na Tabela Periódica, ou seja, não tenho a menor
ideia.
Mas, conforme ensinou minha
mestra Adélia Prado, o que entra na memória pelo aprendizado acadêmico a gente
pode até esquecer. Mas o que entra pela via do afeto, fica eterno. A lição da
paisagem da janela ficou…
Ali comecei a entender o porquê
de minha cidade chamar-se Belo Horizonte, lição que aprofundei no alto do galho
de um abacateiro que havia no quintal da minha casa, de onde podia ver o
por-do-sol nas montanhas distantes.
Quando, pela primeira vez, subi
a Serra da Piedade, fiz meu doutorado em belos horizontes…
Ali, naquela janela adolescente,
passando pelo quintal do abacateiro, e pelas muitas serras que escalei, tive
certeza de que, onde quer que morasse, ao longo da vida, teria que haver uma
janela de onde pudesse contemplar, no mínimo, uma montanha. Se houvesse,
também, um trem que cortasse a paisagem com seu apito, seria um luxo. Um pôr ou
um nascer do sol, uma maravilha. Tudo isso, junto, o paraíso!
Quase cheguei lá, perdi pelo
trem e pelo nascer do sol…
Mas, o que eu não sabia, é que
essa busca por horizontes, essa paixão por paisagens exteriores a mim era
apenas um ‘trailler’, um vislumbre, um flash do que viria depois…
Nos Exercícios Espirituais de
Santo Inácio, descobri que há, em mim, uma janela, bem estreita, na verdade,
difícil de abrir, emperrada, por ter ficado tanto tempo fechada, mas que,
quando abri, me permitiu contemplar horizontes e cenários inimagináveis…
Montanhas cujos picos vão além
do Everest. Vales profundos, florestas impenetráveis que escondem cidades,
metrópoles inteiras, habitadas por fadas e bruxas, anjos e demônios.
Um rio onde possa me refrescar,
enquanto garimpo lembranças, pessoas, palavras e sentimentos…
Desertos imensos que, de
repente, se fazem belos, pois descubro neles uma fonte.
Uma trilha que conduz à praia.
Uma praia que me revela o mar.
A janela vira oceano onde
mergulho, em busca de outros mil mundos.
Dentro de mim…
Olhando pela janela dos olhos
da minha alma, faço uma leitura emocionada do Salmo 8.
“Senhor, nosso Deus, a tua
presença irrompe por toda a Terra! O Universo inteiro canta a tua glória. Na
candura das crianças se revela a tua força, pois diante delas se desarmam até
os mais violentos e insensíveis.
Quando contemplamos
maravilhados o céu estrelado e as noites de luar, quando mergulhamos o olhar
nas multidões de galáxias e pensamos que Tu criaste tudo para o Homem, nós nos
perguntamos: Que valor imenso deve ter a criatura humana para merecer tanto
carinho, cuidado e atenção…
Tu colocaste o Homem no centro
da Criação como se ele fosse Deus. De honra e glória Tu o coroaste.
Fizeste dele o senhor da
Criação. Tudo colocaste sob o domínio da sua inteligência. Os animais mais
ferozes, os pássaros do céu e os peixes do mar, tudo, até as forças e mistérios
da Natureza, as criaturas de todos os reinos, colocaste ao alcance da mão do
Homem.
Senhor nosso Deus, a tua
presença irrompe por todo o Universo!”
A Natureza canta a existência
de Deus…
As ‘pegadas divinas’ estão por
toda parte, sinais inconfundíveis da sua passagem entre nós.
Traços inesquecíveis da sua
ternura se espalham por todo o Universo.
Quem tem olhos, veja. Contemple
apaixonadamente a Criação e medite sobre quão extraordinário deve ser o Amor de
Deus por nós, ao preparar no Cosmos esse pequeno planeta azul, nossa morada,
repleto de vida e beleza, inundado da alegria de um Deus que ora se mostra
poeta, ora criança, sempre companheiro de caminhada.
E Ele nos chama, a cada um de
nós, para participarmos da sua obra criadora. A nós, aprendizes do Universo,
deu a missão mais preciosa: fazer transbordar a vida dos nossos corações
santificados pelo seu amor. Semear no mundo que nos rodeia a sua Palavra, o seu
imenso e inesgotável desejo de amor.
Que possamos ser dignos dessa
missão, Senhor.
Que ao contemplarmos a sua
Criação possamos sentir a sua presença ao nosso lado e dizer, ALELUIA!
Que ao ouvirmos o rumor do
vento entre as árvores, possamos dizer, ALELUIA!
Que ao sentirmos nos pés o
suave contato da água ou o toque materno da terra, possamos dizer, ALELUIA!
Que ao contemplarmos a beleza
da Criação que se estende diante e dentro de nós, possamos dizer, ALELUIA!
Que em tudo e em todos, onde
falas conosco, que possamos te reconhecer, Senhor, e alegres dizer, Aleluia!
A Natureza grita: Não estamos
sós. Deus está ao lado de cada um de nós.
Aleluia, Aleluia, Aleluia!
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