Artigo da Semana - Por Eduardo Machado

A Páscoa nos convida à reflexão, pois o sacrifício de Jesus representa a força do homem que precisa ser emanada de temência a Deus. Feliz e Abençoada Páscoa a todos! (PV)



Com Jesus, do domingo de ramos à pedra do túmulo

Estamos no mês de Nisan (Março/Abril) do ano 30 da Era Cristã. É provavelmente o ano 783 do calendário romano, que tem como ano zero a fundação de Roma. É um domingo, o primeiro dia da semana judaica.
Jesus e seus amigos aproximam-se de Jerusalém, vindos de Betânia, pequena aldeia que fica a cerca de quinze quilômetros de distância. Há um clima de tensão entre os discípulos que pressentem ameaças cada vez mais explícitas no ar.
Jesus para em Betfagé, um lugarejo entre Betânia e Jerusalém, situada sobre o Monte das Oliveiras. Lá os discípulos arranjam um jumento e é sobre ele que Jesus finalmente chega a Jerusalém. A notícia de que o profeta galileu estava chegando já se espalhara e o povo corre às ruas para recebê-lo. O clima é de eufórica alegria, além da curiosidade, e um enorme tumulto vai se formando à medida que Jesus entra na Cidade Santa. Atraídos pela agitação, alguns fariseus se surpreendem com a reação da multidão. Jesus é aclamado como Rei.
  Faltando alguns dias para a grande festa da Páscoa, Jerusalém está cheia de peregrinos. Um burburinho imenso toma conta da cidade. Os que vêm de fora querem saber quem é este homem que provoca tanta agitação.
Jesus chega ao Templo e, indignado, expulsa os mercadores que vendiam oferendas e trocavam dinheiro, fazendo do pátio externo um imenso mercado, desrespeitando o lugar sagrado. O tumulto e a tensão aumentam cada vez mais. No fim da tarde Jesus volta à Betânia, onde dorme.
Na segunda-feira volta à Jerusalém e vai direto ao Templo onde passa todo o dia ensinando ao povo. À tarde, vai para o Jardim das Oliveiras, onde passa a noite com seus discípulos.
Na terça-feira volta novamente à Jerusalém. No Templo, um novo encontro com os grandes sacerdotes e vários líderes religiosos. Jesus tem com eles uma longa discussão sobre várias questões. A conversa chega a um confronto. Jesus perde a paciência e diz palavras duríssimas aos fariseus. O mal-estar entre aqueles homens fica insuportável. O ódio contra Jesus aumenta ainda mais, pois Ele os desmoraliza diante do povo, chamado-os de ‘raça de víboras, geração adúltera, túmulos caiados...’.
A quarta-feira começa com o Sinédrio reunido conspirando sobre um meio de eliminar Jesus. Um dos discípulos, Judas, procura os sacerdotes e negocia com eles para entregar Jesus. O preço acertado, trinta moedas de prata, correspondia ao valor de um escravo. Tudo está preparado. A armadilha, aos poucos, vai-se fechando.
Jesus passa o dia com seus discípulos e o povo, no Templo e à noite, volta ao Jardim das Oliveiras em Betfagé.
A quinta-feira era a festa dos pães ázimos. Nesse dia acontecia o sacrifício do cordeiro pascal, preparativo final para a grande festa da Páscoa. Jesus manda seus discípulos à casa de um amigo, na parte sul de Jerusalém, para preparar uma ceia a ser realizada naquela noite. Eles foram e prepararam tudo como Ele mandou.
Era o começo da noite quando Jesus chega com seus discípulos à casa, chamada Cenáculo. No segundo andar há um salão onde uma ceia foi preparada.
Não foi um jantar qualquer. Nele, Jesus surpreende a todos quando se apropria de símbolos e ritos próprios da Páscoa Judaica e dá a eles um sentido novo, universal. Daqui pra frente, cada gesto, cada palavra de Jesus tem uma dimensão que ultrapassa todos os limites de Tempo e Espaço.
Ele dá exemplo e fala sobre humildade quando lava os pés dos apóstolos: “Os últimos serão os primeiros... Se eu, que sou o Mestre, lavei os pés de vocês, assim também vocês devem fazer uns aos outros...”

Revela quem o trairá: “Judas, o que tens que fazer, faz depressa...”
Institui a Eucaristia: “Isto é o meu Corpo, este é o Cálice do meu sangue...”
Prediz a negação de Pedro: “Antes que o galo cante você me negará três vezes...”
Conforta os apóstolos: “Não se perturbe o coração de vocês...”
Afirma sua natureza divina: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida... Quem me Vê, vê o Pai. Eu estou no Pai e o Pai está em mim...”
Reafirma o poder da oração: “Tudo o que vocês pedirem ao Pai em meu nome, eu o farei...”
Promete o Espírito Santo e, com Ele, a Paz: “Eu pedirei ao Pai e Ele mandará o Espírito de Verdade... eu deixo com vocês a Paz, eu dou a vocês a minha Paz...”
Afirma a condição básica para segui-lo. O seu único mandamento: “Eu escolhi vocês... Que vocês se amem uns aos outros como Eu tenho amado cada um de vocês...”
Avisa que haverá perseguições: “Se me perseguiram a mim, hão de perseguir também a vocês...”
Fala do tempo de sofrimento que se aproxima, mas reafirma a esperança: “No mundo, vocês haverão de sentir angústias, mas tenham confiança, Eu venci o mundo...”
Ora por Ele mesmo e pelos discípulos: “Pai, é chegada a hora, glorifica o teu Filho... Eu me ofereço por eles para que eles sejam consagrados na verdade”
Reza por nós: “Não é somente por eles que peço, mas por todos que hão de acreditar em mim, por meio deles, a fim de que todos sejam uma coisa só...”
Aquela, realmente ,não foi uma Ceia comum. Jesus parece querer sintetizar ali toda a sua vida colocando, sobre a mesa e no coração de todos, o sentido mais profundo de cada palavra, de cada gesto.
Ao terminar a ceia, por volta de onze horas da noite, Ele volta com os discípulos ao Jardim das Oliveiras. Lá, chama Pedro, Thiago e João para perto de si e começa a rezar, triste e angustiado. “A minha alma está numa tristeza mortal...”
Os discípulos, porém, estão cansados e dormem.
Jesus fica só, é tomado por imensa agonia e reza: “se for possível Pai, afasta de mim este cálice... mas que se cumpra a tua vontade e não a minha...”
“E seu suor tornou-se como gotas de sangue que caiam no chão...”
Mas eis que chega Judas com os soldados. Ele havia combinado uma senha: “Aquele a quem eu beijar é ele, prendam-no”. Percebe-se aí que Jesus não era diferente dos outros. Confundia-se entre eles.


Há uma tentativa de reação por parte de Pedro, que é desencorajado por Jesus. Todos então fogem assustados. Jesus é amarrado e levado à casa de Anás, sogro de Caifás, o sumo sacerdote. Lá acontece o primeiro interrogatório e também o primeiro espancamento.
Em seguida, Ele Jesus é levado a Caifás. Todo o Sinédrio dos grandes sacerdotes está reunido. Já começa a madrugada. Improvisa-se um julgamento onde só há acusadores e um réu sem defesa. Falsas testemunhas se apresentam. A questão é religiosa e a acusação também: “Ele se diz o Cristo, o Filho de Deus Vivo. É réu de morte!”
Murros, bofetadas, escarros na face.
Do lado de fora, dois discípulos, João e Pedro, acompanham tudo, anonimamente misturados aos soldados, empregados e curiosos.
Enquanto, diante do Sinédrio, Jesus é espancado, Pedro senta-se junto a uma fogueira. João estava mais próximo a Jesus, dentro da casa. A porteira reconhece Pedro como um dos discípulos de Jesus. Ele nega. Outros empregados também identificam Pedro. Ele novamente diz que estão enganados. Nesse momento trazem Jesus para fora. Ele para diante de Pedro. O rosto marcado, o nariz sangrando, o cabelo desgrenhado. Novamente Pedro é acusado: “Você é discípulo desse galileu!”. Pedro, face a face com Jesus, diz: “Não conheço este homem, não sei do que estão falando...”
Jesus baixa os olhos. Pedro ainda pode perceber uma lágrima que corre na face machucada do Mestre.
Tudo estava decidido. A pena do réu só pode ser a morte.
Mas há uma questão legal. Desde a invasão e o domínio romano o Sinédrio perdeu o poder de condenar alguém à pena capital. Esse privilégio é do Procurador e representante de César, Pôncio Pilatos. Resolvem esperar o amanhecer e levar Jesus a ele.
Bem cedo já estão à porta do Pretório. Recusam-se a entrar para não se contaminarem na casa de um gentio, um estrangeiro. Se o fizessem não poderiam participar da Páscoa. Pilatos, impaciente, vai até eles. O diálogo é ríspido e curto. É complicado para um romano entender as acusações de cunho religioso que fazem contra esse galileu. Resolve mandá-lo para Herodes, depois de fazer um interrogatório que o deixa ainda mais impressionado, em especial devido a uma conversa com sua mulher.
Herodes recebe Jesus cheio de curiosidade. Zomba dele, colocando-lhe um manto sobre os ombros. Desafia-o a fazer milagres, a exibir o seu propalado poder. Jesus não diz uma palavra, frustrando a Herodes que, entediado, o devolve a Pilatos.
O julgamento vai chegando ao ponto culminante. Pilatos é um juiz cheio de contradições. Por várias vezes reconhece e afirma a inocência do réu. Mas os chefes dos sacerdotes sabem qual é o ponto fraco do romano; com perversa sutileza mudam a acusação. A questão agora envolve política e poder. “Ele se diz Rei. Não temos outro Rei senão César. Se o libertas não és amigo de César”
Pilatos treme. Tenta ainda uma alternativa. Manda trazer do calabouço um prisioneiro conhecido por todos; Barrabás. Alegando uma antiga tradição manda o povo escolher um deles para ser libertado. Insuflada pelos sacerdotes a turba pede a libertação de Barrabás e a condenação de Jesus.
Pilatos tenta uma última e cruel cartada. Ele pensa: “Este povo quer sangue. Eu lhe darei sangue.” Então mandou flagelar a Jesus”.
Jesus é levado ao pátio do Pretório. Completamente despido é amarrado a uma coluna. Dois carrascos se aproximam. Nas mãos o ‘flagrum’, pequeno chicote romano. Uma haste de madeira de onde saem três ou quatro tiras de couro com pequenas bolas de chumbo e pedaços de ossos incrustados. Começa a tortura. Os chicotes silvam no ar e estalam sobre a pele, cobrindo-a de vergões vermelhos que logo se abrem em feridas profundas. O couro corta a pele enquanto as bolas de chumbo e os ossos furam a carne.
A dor é insuportável. Jesus, quase desfalecido, já não tem forças nem para gritar. Seu corpo nu pende da coluna. Os carrascos, suados, continuam a tarefa macabra. Ao redor, os soldados contam as chicotadas entre risos e zombaria. Já são mais de 100 golpes. O prisioneiro já não se mexe, quando o centurião manda que parem. Mais um pouco e estaria morto.
Jesus é desamarrado e cai ao chão. Seu corpo, uma chaga só, mistura-se à terra.
Os soldados erguem-no com violência. Um deles tem uma ideia brilhante; “Ele não é um rei? Pois vamos coroá-lo”. Num monte de lenha usada nas fogueiras, há ramos de um arbusto comum nos arredores de Jerusalém. Galhos flexíveis, cobertos de espinhos longos e agudos, semelhantes ao da laranjeira. O soldado trança uma espécie de capacete que é cravado na cabeça de Jesus a pauladas. O sangue escorre pela face, cobre a barba, pinga no peito, nas costas. Outro soldado pega uma vara e bate na cabeça de Jesus que cai no chão com um gemido surdo. Um pano sujo é jogado sobre ele. Os soldados o agarram e colocam-no de pé. A triste figura é agora alvo de mais uma brincadeira cruel. Coroado, um ‘manto real’ às costas, a vara nas mãos, como se fosse um cetro, Jesus é um rei de comédia, destroçado, coberto de feridas sangrentas.
Assim ele é levado de novo a Pilatos que se assusta ao ver o estado do prisioneiro. Ele pensa: “Se queriam sangue, agora vão ficar satisfeitos...”
“Eis o homem!”, diz, apresentando Jesus à multidão que ruge, enlouquecida.
-     Crucifica-o!
-          Mas não vejo nele nenhuma culpa!
-          Ele é culpado segundo nossa Lei. Deve morrer, pois se fez Filho de Deus!”
Era quase meio dia. Pilatos, perturbado, volta a conversar com Jesus. O povo espera.
Quando ele reaparece, os sacerdotes e o povo gritam novamente:
- Quem se faz Rei vai contra César. Se soltas esse homem não és amigo de César!
Pilatos retruca:
-          Mas hei de crucificar o vosso Rei?
-          Não temos outro Rei senão César!
Pilatos então disse: Lavo as mãos do sangue desse inocente. Vocês que o tomem e levem para crucificar!”
            A multidão explode numa gritaria louca enquanto Jesus é arrastado pelos soldados.
            Da Torre Antônia, onde ficava o Pretório Romano, até o local da execução, um monte chamado Gólgota (Lugar do Crânio), havia uns 600 metros. Colocam sobre o ombro de Jesus a haste horizontal da cruz, uma trave de madeira que devia pesar uns 30 quilos. O roçar da madeira sobre os ombros dilacerados pelo chicote traz novas dores, abre outras feridas.
Outros dois prisioneiros são levados com ele. Também serão executados. O cortejo começa o Calvário, caminho da morte, seguido pela multidão que grita, xinga, joga pedras e cospe, à medida que os prisioneiros vão passando. Os soldados afastam os curiosos com suas lanças.
Jesus já não suporta mais as dores. Cai, esfolando os joelhos na pedra dura. O rosto bate contra o chão sob o peso da madeira, provocando um profundo corte em seu nariz. A cartilagem parece que se partiu e ele fica ainda mais desfigurado. Um dos curiosos que assistem a tudo, um homem chamado Simão, da cidade de Cirene, é requisitado pelos guardas e obrigado a levar a cruz. Eles percebem que Jesus, no estado em que está, jamais conseguiria chegar ao local da execução.
            Andam mais algumas dezenas de metros quando uma mulher sai do meio do povo e, aos prantos, joga-se aos pés de Jesus. Os soldados avançam para afastá-la, mas alguém diz:
-          É sua mãe...
Maria abraça o seu filho. Suas lágrimas se misturam ao sangue que cobre a face de Jesus.
-          Meu filho querido, o que fizeram com você? Por quê? Por quê?
            Por um instante Jesus ergue a face e tira, não se sabe de onde, um olhar de ternura. Outras mulheres, em volta, também choram. Jesus, numa voz quase imperceptível, diz:
-          Não chorem por mim. Chorem por vocês mesmas e pelos seus filhos...
O centurião ordena que continuem a marcha. Penosamente, Jesus se arrasta até o alto do Gólgota. Lá, várias traves de madeira já estão fincadas ao chão, como patíbulos. Os soldados são rápidos e práticos. Despem inteiramente os prisioneiros e deitam-nos ao chão, sobre a trave horizontal. Dois deles seguram o prisioneiro enquanto outro, com pancadas secas e firmes, atravessa os seus pulsos com grandes cravos de cabeça quadrada. Jesus solta um grito lancinante. Os carrascos riem. Estão acostumados. Sempre acontece isso quando o cravo atravessa o pulso, ferindo o nervo mediano. O polegar contraído de encontro a palma da mão, num movimento espasmódico, é sinal da dor brutal que flui pelo braço e explode no cérebro do condenado.
Uma escada já está preparada. Ele é erguido até o patíbulo. Um único cravo, maior, atravessa os dois pés, um sobre o outro, e fixa o corpo firmemente à cruz. Os dois ladrões também são crucificados. Todos, então, se acomodam para assistir ao espetáculo.
O pior está apenas começando...
Passam-se alguns minutos e já se pode notar no rosto dos prisioneiros um esgar de dor e medo. A respiração vai ficando difícil. Os músculos do peito, dos braços e abdômen se distendem e parecem querer saltar, crispados, para fora da pele. Enxames de moscas zumbem em torno dos condenados, atraídas pelo sangue. É pouco mais de meio dia e o sol, a pino, acrescenta outra tortura: a sede! Jesus, mais fraco pelos espancamentos e pela perda de sangue, sofre mais. Nele, os sinais da agonia mortal aparecem mais rápido.
O crucificado não morre por acusa dos ferimentos nas mãos e pés. Morre asfixiado. A posição em que fica, com os braços distendidos sustentando todo o peso do corpo, vai provocando uma pressão insuportável sobre os músculos peitorais. Respirar passa a ser um tormento. Falta oxigênio. O condenado começa a sentir câimbras por todo o corpo. Os músculos travam e ele não consegue expelir o ar que está nos pulmões.
Para sobreviver precisa apoiar-se no cravo dos pés, erguer o tronco e, assim, diminuir a pressão no peito e respirar. Enquanto ele consegue fazer este movimento, respira e vive. Quando chega à exaustão, a ‘tetania’ toma todo o corpo, os músculos travam numa câimbra fatal e a morte chega em meio a intensa agonia.
Jesus está muito fraco. Apanhou muito, perdeu muito sangue. Está sem comer nem beber nada, desde a noite anterior. Mas ele é forte e resiste por três horas. Encontra forças para perdoar e desculpar seus carrascos: “Pai, perdoai-lhes, eles não sabem o que fazem...”
Têm palavras de ternura para o amigo fiel, João, e para Maria:
Filho, eis aí tua Mãe. Mãe, eis aí teu Filho...
Parece desesperado e cego de dor quando grita:
Meu Pai, meu Pai, porque me abandonaste”
Mas parece encontrar a resposta para tudo, após três horas de brutal agonia naquela cruz:
“Tudo está consumado... Em tuas mãos entrego meu espírito”
Um silêncio mortal envolve a todos. O centurião, aturdido, faz uma surpreendente confissão de fé:“Verdadeiramente, este homem era o filho de Deus...”
Restam os ladrões, crucificados com ele. Como não foram torturados antes, ainda resistem. Os judeus pedem para apressar-lhes a morte. Corpos expostos no sábado iriam atrapalhar as festividades da Páscoa que se aproxima. Os romanos também têm pressa. O espetáculo da crucificação, para eles, já perdeu o ar de novidade. Um soldado apanha um porrete e com pancadas violentas e secas quebra os tornozelos dos condenados que gritam de dor e desespero. Agora, impedidos de erguer o tronco, a morte vêm rápido.
Terminada a selvageria, três corpos pendem das cruzes. Para liberá-los, falta o ‘atestado de óbito’ romano. Um soldado vai até o corpo de Jesus, que morreu primeiro, e numa estocada rápida crava a lança em seu peito, sob as costelas, até o coração. Jesus está morto.
O corpo é liberado para a família. Há pressa, pois o pôr-do-sol se aproxima e, com ele, a vigília do sábado e da Páscoa. Não há tempo para preparar, ungir e embalsamar o cadáver. Ele é envolvido num lençol de linho, um sudário, próprio para esse fim. Perto dali há um túmulo escavado na rocha, da família de um amigo, José de Arimatéia. Lá o corpo é colocado conforme o costume e a entrada lacrada com uma pedra.
Os amigos se dispersam, apavorados. João leva Maria para sua casa. Todos voltam para os seus afazeres. Afinal, é preciso preparar a Páscoa.
No túmulo fechado, terminou a história de Jesus de Nazaré...? Estamos nós, homens de todos os tempos condenados a ver a História terminar sempre em túmulo?
Aqui, saltamos da História para um imenso Mistério. Mistério da nossa Fé!
O nosso Deus, revelado EM Jesus Cristo, é um Deus VIVO!
Em Jesus, somos chamados à Vida, e Vida em plenitude...
Ele se faz Caminho, e nos convida a caminhar com Ele.
Ele anuncia a Verdade, e nos convida a proclamá-la a todos os Homens.
Ele destrói a Morte e vive, e nos convida a viver com Ele, uma vida Plena, uma vida em Abundância, uma Vida onde a alegria dele esteja em nós e, assim, a nossa alegria se fará COMPLETA!
Ele, Hoje, é MEMÓRIA VIVA, no meio de nós, com sua palavra que é CONVITE e MISSÃO:
Ide por toda a terra, ensinai todas as gentes, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. E eis que Eu estarei com vocês, todos os dias, até a consumação dos séculos.
Diante do túmulo fechado nada se vê nada se ouve, “mas no silêncio, alguma coisa irradia...”

Eduardo Machado
Edição: Dyah Sousa 
Fonte: http://eduardomachadobh.blogspot.com.br/