A dura realidade de quem mora nas ruas
P de ponto, V de vista - Por Paulo Vasconcellos
Quem nunca passou pelo centro das grandes cidades e não se deparou com moradores de rua, infelizmente não vive a realidade, vive um sonho. Vivemos uma rotina constante dia após dia, alguns vão para a escola, outros para o trabalho; mas todos ao surgir da noite voltam para suas aconchegantes casas e recarregam suas energias ao lado de seus entes queridos, podendo assim ter força para enfrentar os devaneios da vida… E se parássemos para pensar em como seria se não tivéssemos casa.
Como teríamos uma vida, um caminho trilhado se não tivéssemos uma base para encubarmos nossos sonhos e nossas atitudes? Essa realidade é lastimável, mas pior do que ela é a inercia dos seres humanos que descartam a opção de muda-la, os mesmos que se fecham todas as noites em suas bolhas, deixando os problemas da rua, na rua, culpando quem mora nela pelo erro de não terem uma bolha onde possam se encubar.
Comparando a realidade da vida de quem mora nas ruas, conforme introdução acima citada, extraída do site moradoresderua.org.br , podemos nos deparar com esse agravo social nas ruas de Capanema que também tem seus moradores anônimos, mas alguns são conhecidos pela sociedade, entretanto, excluídos por terem cometido deslizes ou algo parecido. Certo dia, um desses moradores ao comparar a situação que ele mesmo enfrenta, disse: “Minha rua, minha vida”, fazendo ironias com o programa do Governo Federal que condiciona opções de moradia para famílias de baixa renda.
Ironia ou não , as ruas podem ser a única saída para quem não tem moradia digna, todavia, ainda há escassez de programas sociais para a minimização de um problema que tende a aumentar cada vez mais . Os termos sempre usados para definir o que realmente significa ser um habitante das ruas tornam-se complicados, pois há aqueles que colocam essas pessoas no mapa dos miseráveis que também podem ser chamados de excluídos. Nas praças de nossa cidade, na Concha Acústica, nas calçadas de algumas casas comercias, dotadas de marquises ou em lugares periféricos, são vistos moradores de rua, muito deles sem identidade civil e sem saber até qual sua origem, descendência e outros complementos. Diante de tantas mazelas, se faz necessária a intervenção dos instrumentos de Assistência Social para que seja feito levantamento do número exato de pessoas que fazem das ruas suas próprias “casas” e aí, ironicamente, caem no descrédito por não terem como conviver socialmente. Outro fator que amedronta é o uso de drogas que muitos deles consomem. É uma pena que isso esteja visível, mas não se tem um atendimento social plausível.
As ironias não param e os moradores de ruas também são vítimas de atos violentos, sendo que alguns deles mesmos são protagonistas, pela falta de ocupação. Segundo um desses moradores que passa dias e noites na Concha Acústica, foi revelado por ele que a motivação para se abrigar naquele local , deu-se por causa do descontrole no consumo de bebidas alcoólicas, ocasionado abandono por sua família. Como os moradores de rua estão a mercê da sorte, podem ser também considerados como desocupados que vivem na dependência do “Deus dará”. Os subsídio para sustentar programas sociais de amparo aos moradores de rua, existem nos tantos fundos perdidos do governo, mas não há quem busque meios de conseguir liberações e por essa razão, os habitantes anônimos ou excluídos continuam recebendo acompanhantes todos os dias, aumentando o número que segundo dados publicados ultrapassam 1,8 milhões nas cidades brasileiras. Concluindo esta linha de raciocínio acrescenta-se a frase : “Em casa de morador de rua o último a dormir apaga a lua.”Justifica-se que a inclusão desta frase não tem teor irônico ou algo parecido, pois trata-se de uma realidade que não pode ser ocultada. (PV).
Edição: Dyah Sousa
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