Vício, vaidade e impunidade - Por Amarílis Tupiassu
Ao acompanhar o programa
Sem Censura Pará que tinha como convidada a professora Amarílis Tupiassu, fiz
reflexão de momento e constatei que ela é realmente uma autoridade das letras.
O assunto abordado foi os 800 anos da língua portuguesa e a Doutora em Letras,
nos deu verdadeira aula. Encontrei o texto abaixo onde ela relata alguns
acontecimentos no Brasil que valem a pena serem lidos novamente. (PV)
Em roda de amigas, o
papo vai, e baila a pergunta.
Qual o grande vício do Brasil de agora?
O Brasil está entupido de vícios, quase todos herdados.
Alguns muitos velhos.
Já o Padre Vieira no " Sermão do bom ladrão", de 1655, combatia o vício da gatunagem dos mandões do século XVII.
"O ladrão que furta para comer, não vai nem para o inferno."
Este rouba "um homem", os de maior "calibre de mais alta esfera roubam cidades e reinos", aqueles "roubam debaixo de seu risco, estes, sem temor nem perigo; aqueles, se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam".
Belos, os jogos verbais com o oposto piratas do mar e piratas da terra.
"O corsário do mar pode o que pode, os da terra podem o que querem".
E aflora-nos um Vieira que nem vidente: "Furtam, furtaram, furtavam, furtariam e haveriam de furtar mais se mais houvesse".
Em vez de o ladrão ser punido e restituir "o que furtou no ofício, restitui-se o ladrão ao ofício, para que furte ainda mais".
E o antigo vício de furtar, permitido, disseminou, fez escola.
E olha nós aqui, encrencados, enrodilhados no par "roubalheira e impunidade", vício que triunfa no Brasil.
A coisa é descarada.
Depois de 18 dias sumido, O Demóstenes sai do covil como se não tivesse acontecido nada.
E falante, opinante. Na cabeça dele aconteceu o quê?
Oh! que doce reincidência!
Aliás, há que inventar palavras; são tricidentes, deca, mil, pluricidentes.
Também, em mau exemplo.
Na TV um sorridente traficante lamuria-se da má sorte de ser preso.
"Descuido. Fui mal, cara! São os ossos do ofício".
Perguntado sobre o futuro, saiu-se com esta: "Quando sair por bom comportamento, primeiro, vou matar o alcaguete, depois, sigo no trabalho, que sei fazer bem".
E Cachoeira e comparsas? Ora, estão aí, na boa, superassessorados por bilionários advogados, um até ex-ministro, todos sorvendo vastos de impunidade.
Cachoeira se articulava com mestria tanta, que o senador a seu serviço..Bem, mas essa história já enjoa.
Até quando fica preso, o bicheiro, a refinar métodos de abocanhar o erário?
Ele tem pretensões. Queria chegar a D. Dilma.
Fia-se tanto na impunidade que é capaz de alçar-se ao topo da mina.
Nosso país boia no vício.
Um pior, a vaidade que corrói até as altas esferas do julgar e punir.
E, enquanto a vaidade desnorteia muitos togados, lucram os impunes.
Pode Superior Tribunal de Justiça atritar com Conselho Nacional de Justiça? Este diz, aquele desdiz, aquele, alguns integrantes, claro, haja sentença subjetiva.
Pobre Brasil, onde a aplicação das leis depende de vontade e contra vontades! Não é o que se vê?
Olhe a Lei Seca: motorista assassino, que se recusar a soprar bafômetro ou fazer exame de sangue, não pode ser acusado e punido, mesmo trôpego, zonzo de porre.
E, olá, testemunhas! Nem pensem em testemunhar. Este verbo foi banido do idioma em que firmaram a Lei Seca exposta na mídia em 29/03/2012.
Quase transcrevi para que não me acusem de ficcionalizar o real.
Fitipaldi alcoolizado que invade calçadas e mata vinte, trinta, "não pode ser acusado", mesmo que o 'tadinho' rescenda a álcool a cem metros de distância.
Só na nova decisão do Congresso ou do Supremo poderia anular a inacreditável lei estampada no dia 29/03.
E pôde. Endureceram a lei anti-bebum no trânsito. Mas, até quando, o vício do mata e rouba quem bem o queira dá tudo no mesmo, em mesmíssimo nada, neste Brasil triste todas as impunidades?
Qual o grande vício do Brasil de agora?
O Brasil está entupido de vícios, quase todos herdados.
Alguns muitos velhos.
Já o Padre Vieira no " Sermão do bom ladrão", de 1655, combatia o vício da gatunagem dos mandões do século XVII.
"O ladrão que furta para comer, não vai nem para o inferno."
Este rouba "um homem", os de maior "calibre de mais alta esfera roubam cidades e reinos", aqueles "roubam debaixo de seu risco, estes, sem temor nem perigo; aqueles, se furtam, são enforcados, estes furtam e enforcam".
Belos, os jogos verbais com o oposto piratas do mar e piratas da terra.
"O corsário do mar pode o que pode, os da terra podem o que querem".
E aflora-nos um Vieira que nem vidente: "Furtam, furtaram, furtavam, furtariam e haveriam de furtar mais se mais houvesse".
Em vez de o ladrão ser punido e restituir "o que furtou no ofício, restitui-se o ladrão ao ofício, para que furte ainda mais".
E o antigo vício de furtar, permitido, disseminou, fez escola.
E olha nós aqui, encrencados, enrodilhados no par "roubalheira e impunidade", vício que triunfa no Brasil.
A coisa é descarada.
Depois de 18 dias sumido, O Demóstenes sai do covil como se não tivesse acontecido nada.
E falante, opinante. Na cabeça dele aconteceu o quê?
Oh! que doce reincidência!
Aliás, há que inventar palavras; são tricidentes, deca, mil, pluricidentes.
Também, em mau exemplo.
Na TV um sorridente traficante lamuria-se da má sorte de ser preso.
"Descuido. Fui mal, cara! São os ossos do ofício".
Perguntado sobre o futuro, saiu-se com esta: "Quando sair por bom comportamento, primeiro, vou matar o alcaguete, depois, sigo no trabalho, que sei fazer bem".
E Cachoeira e comparsas? Ora, estão aí, na boa, superassessorados por bilionários advogados, um até ex-ministro, todos sorvendo vastos de impunidade.
Cachoeira se articulava com mestria tanta, que o senador a seu serviço..Bem, mas essa história já enjoa.
Até quando fica preso, o bicheiro, a refinar métodos de abocanhar o erário?
Ele tem pretensões. Queria chegar a D. Dilma.
Fia-se tanto na impunidade que é capaz de alçar-se ao topo da mina.
Nosso país boia no vício.
Um pior, a vaidade que corrói até as altas esferas do julgar e punir.
E, enquanto a vaidade desnorteia muitos togados, lucram os impunes.
Pode Superior Tribunal de Justiça atritar com Conselho Nacional de Justiça? Este diz, aquele desdiz, aquele, alguns integrantes, claro, haja sentença subjetiva.
Pobre Brasil, onde a aplicação das leis depende de vontade e contra vontades! Não é o que se vê?
Olhe a Lei Seca: motorista assassino, que se recusar a soprar bafômetro ou fazer exame de sangue, não pode ser acusado e punido, mesmo trôpego, zonzo de porre.
E, olá, testemunhas! Nem pensem em testemunhar. Este verbo foi banido do idioma em que firmaram a Lei Seca exposta na mídia em 29/03/2012.
Quase transcrevi para que não me acusem de ficcionalizar o real.
Fitipaldi alcoolizado que invade calçadas e mata vinte, trinta, "não pode ser acusado", mesmo que o 'tadinho' rescenda a álcool a cem metros de distância.
Só na nova decisão do Congresso ou do Supremo poderia anular a inacreditável lei estampada no dia 29/03.
E pôde. Endureceram a lei anti-bebum no trânsito. Mas, até quando, o vício do mata e rouba quem bem o queira dá tudo no mesmo, em mesmíssimo nada, neste Brasil triste todas as impunidades?
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