Papa Francisco no Brasil
© Escritório de Informação do Opus Dei no Brasil
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Papa Francisco
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no Brasil
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pronunciamentos
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Viagem Apostólica
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ao Rio de Janeiro por ocasião da
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XXVIII Jornada Mundial Da Juventude
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Rio de Janeiro
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2013
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Cerimônia de boas-vindas no
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Jardim do Palácio Guanabara
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Senhora Presidenta, ilustres Autoridades, ir-
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mãos e amigos!
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Quis Deus na sua amorosa providência que a
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primeira viagem internacional do meu Pontifca-
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do me consentisse voltar à amada América Latina,
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precisamente ao Brasil, nação que se gloria de seus
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sólidos laços com a Sé Apostólica e dos profundos
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sentimentos de fé e amizade que sempre a uniram de
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modo singular ao Sucessor de Pedro. Dou graças a
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Deus pela sua benignidade.
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Aprendi que para ter acesso ao Povo Brasileiro, é
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preciso ingressar pelo portal do seu imenso coração;
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por isso permitam-me que nesta hora eu possa bater
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delicadamente a esta porta. Peço licença para entrar e
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transcorrer esta semana com vocês. Não tenho ouro
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nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi
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dado: Jesus Cristo! Venho em seu Nome, para ali-
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mentar a chama de amor fraterno que arde em cada
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coração; e desejo que chegue a todos e a cada um a
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minha saudação: “A paz de Cristo esteja com vocês!”
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Saúdo com deferência a Senhora Presidenta e os
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ilustres membros do seu Governo. Obrigado pelo seu
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generoso acolhimento e por suas palavras que exter-
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naram a alegria dos brasileiros pela minha presença
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em sua Pátria. Cumprimento também o Senhor Go-
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vernador deste Estado, que amavelmente nos recebe
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na Sede do Governo, e o Senhor Prefeito do Rio de
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Janeiro, bem como os Membros do Corpo Diplomá-
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tico acreditado junto ao Governo Brasileiro, as de-
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mais Autoridades presentes e todos quantos se pro-
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digalizaram para tornar realidade esta minha visita.
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Quero dirigir uma palavra de afeto aos meus ir-
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mãos no Episcopado, sobre quem pousa a tarefa de
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guiar o Rebanho de Deus neste imenso País, e às suas
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amadas Igrejas Particulares. Esta minha visita outra
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coisa não quer senão continuar a missão pastoral
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própria do Bispo de Roma de confrmar os seus ir-
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mãos na Fé em Cristo, de animá-los a testemunhar
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as razões da Esperança que d’Ele vem e de incentivá-
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-los a oferecer a todos as inesgotáveis riquezas do seu
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Amor.
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O motivo principal da minha presença no Bra-
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sil, como é sabido, transcende as suas fronteiras. Vim
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para a Jornada Mundial da Juventude. Vim para en-
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contrar os jovens que vieram de todo o mundo, atra-
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ídos pelos braços abertos do Cristo Redentor. Eles
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querem agasalhar-se no seu abraço para, junto de seu
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Coração, ouvir de novo o seu potente e claro chama-
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do: «Ide e fazei discípulos entre todas as nações».
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Estes jovens provêm dos diversos continentes,
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falam línguas diferentes, são portadores de variegadas
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culturas e, todavia, em Cristo encontram as respostas
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para suas mais altas e comuns aspirações e podem
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saciar a fome de verdade límpida e de amor autêntico
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que os irmanem para além de toda diversidade.
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Cristo abre espaço para eles, pois sabe que ener-
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gia alguma pode ser mais potente que aquela que se
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desprende do coração dos jovens quando conquista-
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dos pela experiência da sua amizade. Cristo “bota fé”
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nos jovens e confa-lhes o futuro de sua própria cau-
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sa: “Ide, fazei discípulos”. Ide para além das fronteiras
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do que é humanamente possível e criem um mundo
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de irmãos. Também os jovens “botam fé” em Cristo.
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Eles não têm medo de arriscar a única vida que pos-
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suem porque sabem que não serão desiludidos.
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Ao iniciar esta minha visita ao Brasil, tenho
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consciência de que, ao dirigir-me aos jovens, falarei
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às suas famílias, às suas comunidades eclesiais e na-
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cionais de origem, às sociedades nas quais estão inse-
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ridos, aos homens e às mulheres dos quais, em gran-
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de medida, depende o futuro destas novas gerações.
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Os pais usam dizer por aqui: “os flhos são a me-
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nina dos nossos olhos”. Que bela expressão da sabe-
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doria brasileira que aplica aos jovens a imagem da
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pupila dos olhos, janela pela qual entra a luz rega-
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lando-nos o milagre da visão! O que vai ser de nós,
|
se não tomarmos conta dos nossos olhos? Como ha-
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veremos de seguir em frente? O meu auspício é que,
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nesta semana, cada um de nós se deixe interpelar por
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esta desafadora pergunta.
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E atenção! A juventude é a janela pela qual o fu-
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turo entra no mundo. É a janela e, por isso, nos impõe
|
grandes desafos. A nossa geração se demonstrará à
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altura da promessa contida em cada jovem quando
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souber abrir-lhe espaço. Isso signifca: tutelar as con-
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dições materiais e imateriais para o seu pleno desen-
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volvimento; oferecer a ele fundamentos sólidos, so-
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bre os quais construir a vida; garantir-lhe segurança
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e educação para que se torne aquilo que ele pode ser;
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transmitir-lhe valores duradouros pelos quais a vida
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mereça ser vivida, assegurar-lhe um horizonte trans-
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cendente que responda à sede de felicidade autêntica,
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suscitando nele a criatividade do bem; entregar-lhe
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da vida humana; despertar nele as melhores poten-
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cialidades para que seja sujeito do próprio amanhã
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e corresponsável do destino de todos. Com essas
ati-
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tudes precedemos hoje o futuro que entra pela janela
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dos jovens.
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Concluindo, peço a todos a delicadeza da aten-
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ção e, se possível, a necessária empatia para estabele-
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cer um diálogo de amigos. Nesta hora, os braços do
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Papa se alargam para abraçar a inteira nação brasilei-
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ra, na sua complexa riqueza humana, cultural e reli-
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giosa. Desde a Amazônia até os pampas, dos sertões
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até o Pantanal, dos vilarejos até as metrópoles, nin-
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guém se sinta excluído do afeto do Papa. Depois de
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amanhã, se Deus quiser, tenho em mente recordar-
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-lhes todos a Nossa Senhora Aparecida, invocando
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sua proteção materna sobre seus lares e famílias. Des-
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de já a todos abençôo. Obrigado pelo acolhimento!
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Santa Missa na Basílica do
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Santuário de Nossa Senhora da
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Conceição Aparecida
|
Eminentíssimo Senhor Cardeal, venerados ir-
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mãos no episcopado e no sacerdócio, queridos ir-
|
mãos e irmãs!
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Quanta alegria me dá vir à casa da Mãe de cada
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brasileiro, o Santuário de Nossa Senhora Apareci-
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da. No dia seguinte à minha eleição como Bispo de
|
Roma fui visitar a Basílica de Santa Maria Maior, para
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confar a Nossa Senhora o meu ministério. Hoje, eu
|
quis vir aqui para suplicar à Maria, nossa Mãe, o bom
|
êxito da Jornada Mundial da Juventude
e colocar aos
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seus pés a vida do povo latino-americano.
|
Queria dizer-lhes, primeiramente, uma coi-
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sa. Neste Santuário, seis anos atrás, quando aqui
|
se realizou a V Conferência Geral do Episcopado
|
da América Latina e do Caribe, pude dar-me con-
|
ta pessoalmente de um fato belíssimo: ver como os
|
Bispos – que trabalharam sobre o tema do encontro
|
com Cristo, discipulado e missão – eram animados,
|
acompanhados e, em certo sentido, inspirados pelos
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|
milhares de peregrinos que vinham diariamente con-
|
far a sua vida a Nossa Senhora: aquela Conferência
|
foi um grande momento de vida de Igreja. E, de fato,
|
pode-se dizer que o Documento de Aparecida nas-
|
ceu justamente deste encontro entre os trabalhos dos
|
Pastores e a fé simples dos romeiros, sob a proteção
|
maternal de Maria. A Igreja, quando busca Cristo,
|
bate sempre à casa da Mãe e pede: “Mostrai-nos Je-
|
sus”. É de Maria que se aprende o verdadeiro disci-
|
pulado. E, por isso, a Igreja sai em missão sempre na
|
esteira de Maria.
|
Assim, de cara à Jornada Mundial da Juventude
|
que me trouxe até o Brasil, também eu venho hoje
|
bater à porta da casa de Maria, que amou e educou
|
Jesus, para que ajude a todos nós, os Pastores do Povo
|
de Deus, aos pais e aos educadores, a transmitir aos
|
nossos jovens os valores que farão deles construtores
|
de um País e de um mundo mais justo, solidário e
|
fraterno. Para tal, gostaria de chamar à atenção para
|
três simples posturas, três simples posturas: Conser-
|
var a esperança; deixar-se surpreender por Deus;
vi-
|
ver na alegria.
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1. Conservar a esperança. A segunda leitura
|
da Missa apresenta uma cena dramática: uma mu-
|
lher – fgura de Maria e da Igreja – sendo perseguida
|
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|
por um Dragão – o diabo - que quer lhe devorar o
|
flho. A cena, porém, não é de morte, mas de vida,
|
porque Deus intervém e coloca o flho a salvo (cfr.
|
Ap 12,13a.15-16a). Quantas difculdades na vida de
|
cada um, no nosso povo, nas nossas comunidades,
|
mas, por maiores que possam parecer, Deus nunca
|
deixa que sejamos submergidos. Frente ao desânimo
|
que poderia aparecer na vida, em quem trabalha na
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evangelização ou em quem se esforça por viver a fé
|
como pai e mãe de família, quero dizer com força:
|
Tenham sempre no coração esta certeza! Deus ca-
|
minha a seu lado, nunca lhes deixa desamparados!
|
Nunca percamos a esperança! Nunca deixemos que
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ela se apague nos nossos corações! O “dragão”, o mal,
|
faz-se presente na nossa história, mas ele não é o
|
mais forte. Deus é o mais forte, e Deus é a nossa es-
|
perança! É verdade que hoje, mais ou menos todas as
|
pessoas, e também os nossos jovens, experimentam o
|
fascínio de tantos ídolos que se colocam no lugar de
|
Deus e parecem dar esperança: o dinheiro, o poder,
|
o sucesso, o prazer. Frequentemente, uma sensação
|
de solidão e de vazio entra no coração de muitos e
|
conduz à busca de compensações, destes ídolos pas-
|
sageiros. Queridos irmãos e irmãs, sejamos luzeiros
|
de esperança! Tenhamos uma visão positiva sobre a
|
realidade. Encorajemos a generosidade que caracte-
|
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|
riza os jovens, acompanhando-lhes no processo de se
|
tornarem protagonistas da construção de um mun-
|
do melhor: eles são um motor potente para a Igreja
|
e para a sociedade. Eles não precisam só de coisas,
|
precisam sobretudo que lhes sejam propostos aque-
|
les valores imateriais que são o coração espiritual de
|
um povo, a memória de um povo. Neste Santuário,
|
que faz parte da memória do Brasil, podemos quase
|
que apalpá-los: espiritualidade, generosidade, solida-
|
riedade, perseverança, fraternidade, alegria; trata-se
|
de valores que encontram a sua raiz mais profunda
|
na fé cristã.
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2. A segunda postura: Deixar-se surpreender
|
por Deus. Quem é homem e mulher de esperança – a
|
grande esperança que a fé nos dá – sabe que, mesmo
|
em meio às difculdades, Deus atua e nos surpreen-
|
de. A história deste Santuário serve de exemplo: três
|
pescadores, depois de um dia sem conseguir apanhar
|
peixes, nas águas do Rio Parnaíba, encontram algo
|
inesperado: uma imagem de Nossa Senhora da Con-
|
ceição. Quem poderia imaginar que o lugar de uma
|
pesca infrutífera, tornar-se-ia o lugar onde
todos os
|
brasileiros podem se sentir flhos de uma mesma
|
Mãe? Deus sempre surpreende, como o vinho novo,
|
no Evangelho que ouvimos. Deus sempre nos reser-
|
va o melhor. Mas pede que nos deixemos surpreen-
|
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der pelo seu amor, que acolhamos as suas surpresas.
|
Confemos em Deus! Longe d’Ele, o vinho da alegria,
|
o vinho da esperança, se esgota. Se nos aproximamos
|
d’Ele, se permanecemos com Ele, aquilo que parece
|
água fria, aquilo que é difculdade, aquilo que é pe-
|
cado, se transforma em vinho novo de amizade com
|
Ele.
|
3. A terceira postura: Viver na alegria. Queridos
|
amigos, se caminhamos na esperança, deixando-nos
|
surpreender pelo vinho novo que Jesus nos oferece,
|
há alegria no nosso coração e não podemos deixar
|
de ser testemunhas dessa alegria. O cristão é alegre,
|
nunca está triste. Deus nos acompanha. Temos uma
|
Mãe que sempre intercede pela vida dos seus flhos,
|
por nós, como a rainha Ester na primeira leitura (cf.
|
Est 5, 3). Jesus nos mostrou que a face de Deus é a de
|
um Pai que nos ama. O pecado e a morte foram der-
|
rotados. O cristão não pode ser pessimista! Não pode
|
ter uma cara de quem parece num constante estado
|
de luto. Se estivermos verdadeiramente enamorados
|
de Cristo e sentirmos o quanto Ele nos ama, o nos-
|
so coração se “incendiará” de tal alegria que conta-
|
giará quem estiver ao nosso lado. Como dizia Bento
|
XVI, aqui neste Santuário: «O discípulo sabe que sem |
Cristo não há luz, não há esperança, não há amor,
|
não há futuro” (Discurso inaugural da Conferência
|
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de Aparecida [13 de maio de 2007]: Insegnamenti
|
III/1 [2007], 861).
|
Queridos amigos, viemos bater à porta da casa
|
de Maria. Ela abriu-nos, fez-nos entrar e nos apon-
|
ta o seu Filho. Agora Ela nos pede: «Fazei o que Ele
|
vos disser» (Jo 2,5). Sim, Mãe, nos comprometemos
|
a fazer o que Jesus nos disser! E o faremos com espe-
|
rança, confantes nas surpresas de Deus e cheios de
|
alegria. Assim seja.
|
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|
Visita ao Hospital São Francisco de
|
Assis na Providência de Deus
|
Senhor Arcebispo do Rio de Janeiro, amados Ir-
|
mãos no Episcopado, distintas Autoridades, queridos
|
membros da Venerável Ordem Terceira de São Fran-
|
cisco da Penitência, prezados médicos, enfermeiros e
|
demais profssionais de saúde, amados jovens e fami-
|
liares, boa noite!
|
Quis Deus que meus passos, depois do Santuá-
|
rio de Nossa Senhora Aparecida, se dirigissem para
|
um particular santuário do sofrimento humano, que
|
é o Hospital São Francisco de Assis. É bem conheci-
|
da a conversão do Santo Patrono de vocês: o jovem
|
Francisco abandona riquezas e comodidades para
|
fazer-se pobre no meio dos pobres, entende que não
|
são as coisas, o ter, os ídolos do mundo a verdadeira
|
riqueza e que estes não dão a verdadeira alegria, mas
|
sim seguir a Cristo e servir aos demais; mas talvez
|
seja menos conhecido o momento em que tudo isto
|
se tornou concreto na sua vida: foi quando abraçou
|
um leproso. Aquele irmão sofredor foi «mediador de
|
luz (…) para São Francisco de Assis» (Carta Enc. Lu-
|
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|
men fdei, 57), porque, em cada irmão e irmã em dif-
|
culdade, nós abraçamos a carne sofredora de Cristo.
|
Hoje, neste lugar de luta contra a dependência quí-
|
mica, quero abraçar a cada um e cada uma de vocês
|
- vocês que são a carne de Cristo – e pedir a Deus que
|
encha de sentido e de esperança segura o caminho de
|
vocês e também o meu.
|
Abraçar, abraçar. Precisamos todos de apren-
|
der a abraçar quem passa necessidade, como fez São
|
Francisco. Há tantas situações no Brasil e no mundo
|
que reclamam atenção, cuidado, amor, como a luta
|
contra a dependência química. Frequentemente,
|
porém, nas nossas sociedades, o que prevalece é o
|
egoísmo. São tantos os “mercadores de morte” que
|
seguem a lógica do poder e do dinheiro a todo o cus-
|
to! A chaga do tráfco de drogas, que favorece a vio-
|
lência e que semeia a dor e a morte, exige da inteira
|
sociedade um ato de coragem. Não é deixando livre
|
o uso das drogas, como se discute em várias partes da
|
América Latina, que se conseguirá reduzir a difusão
|
e a infuência da dependência química. É necessário
|
enfrentar os problemas que estão na raiz do uso das
|
drogas, promovendo uma maior justiça, educando os
|
jovens para os valores que constroem a vida comum,
|
acompanhando quem está em difculdade e dando
|
esperança no futuro. Precisamos todos de olhar o
|
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|
outro com os olhos de amor de Cristo, aprender a
|
abraçar quem passa necessidade, para expressar soli-
|
dariedade, afeto e amor.
|
Mas abraçar não é sufciente. Estendamos a
|
mão a quem vive em difculdade, a quem caiu na
|
escuridão da dependência, talvez sem saber como,
|
e digamos-lhe: Você pode se levantar, pode subir; é
|
exigente, mas é possível se você o quiser. Queridos
|
amigos, queria dizer a cada um de vocês, mas sobre-
|
tudo a tantas outras pessoas que ainda não tiveram a
|
coragem de empreender o mesmo caminho de vocês:
|
Você é o protagonista da subida; esta é a condição
|
imprescindível! Você encontrará a mão estendida de
|
quem quer lhe ajudar, mas ninguém pode fazer a su-
|
bida no seu lugar. Mas vocês nunca estão sozinhos!
|
A Igreja e muitas pessoas estão solidárias com vo-
|
cês. Olhem para frente com confança; a travessia é
|
longa e cansativa, mas olhem para frente, existe «um
|
futuro certo, que se coloca numa perspectiva diferen-
|
te relativamente às propostas ilusórias dos ídolos do
|
mundo, mas que dá novo impulso e nova força à vida
|
de todos os dias» (Carta Encícl. Lumen fdei, 57). A
|
vocês todos quero repetir: Não deixem que lhes rou-
|
bem a esperança! Não deixem que lhes roubem a es-
|
perança! Mas digo também: Não roubemos a espe-
|
21
|
rança, pelo contrário, tornemo-nos todos portadores
|
de esperança!
|
No Evangelho, lemos a parábola do Bom Sa-
|
maritano, que fala de um homem atacado por assal-
|
tantes e deixado quase morto ao lado da estrada. As
|
pessoas passam, olham, mas não param; indiferentes
|
seguem o seu caminho: não é problema delas! Quan-
|
tas vezes nós dizemos: não é um meu problema!
|
Quantas vezes olhamos para o outro lado e fngimos
|
que não vemos. Somente um samaritano, um desco-
|
nhecido, olha, para, levanta-o, estende-lhe a mão e
|
cuida dele (cf. Lc 10, 29-35). Queridos amigos, penso
|
que aqui, neste Hospital, se concretiza a parábola do
|
Bom Samaritano. Aqui não há indiferença, mas soli-
|
citude. Não há desinteresse, mas amor. A Associação
|
São Francisco e a Rede de Tratamento da Dependên-
|
cia Química ensinam a se debruçar sobre quem passa
|
por difculdades porque veem nestas pessoas a face
|
de Cristo, porque nelas está a carne de Cristo que
|
sofre. Obrigado a todo pessoal do serviço médico e
|
auxiliar aqui empenhado! O serviço de vocês é pre-
|
cioso! Realizem-no sempre com amor; é um serviço
|
feito a Cristo presente nos irmãos: «Todas as vezes
|
que fzestes isso a um destes mais pequenos, que são
|
meus irmãos, foi a mim que o fzestes» (Mt 25, 40),
|
diz-nos Jesus.
|
22
|
E quero repetir a todos vocês que lutam contra
|
a dependência química, a vocês familiares que têm
|
uma tarefa que nem sempre é fácil: a Igreja não está
|
longe dos esforços que vocês fazem, Ela lhes acom-
|
panha com carinho. O Senhor está ao lado de vocês e
|
lhes conduz pela mão. Olhem para Ele nos momen-
|
tos mais duros e Ele lhes dará consolação e esperança.
|
E confem também no amor materno de Maria, sua
|
Mãe. Esta manhã, no Santuário da Aparecida, con-
|
fei cada um de vocês ao seu coração. Onde tivermos
|
uma cruz para carregar, ao nosso lado sempre está
|
Ela, nossa Mãe. Deixo-lhes em suas mãos, enquanto,
|
afetuosamente, a todos abençôo. Obrigado!
|
23
|
Encontro com os jovens
|
argentinos na Catedral
|
Metropolitana
|
Obrigado! Obrigado pela presença! Obrigado
|
por terem vindo! Obrigado àqueles que estão cá den-
|
tro! E muito obrigado àqueles que fcaram lá fora, aos
|
trinta mil – dizem-me – que estão lá fora. Lhes saúdo
|
daqui. Estão à chuva… Obrigado pelo gesto de virem
|
ter comigo, obrigado por terem vindo à Jornada da
|
Juventude. Eu tinha sugerido ao Doutor Gasbarri –
|
que é a pessoa que gere, que organiza a viagem – que
|
encontrasse um lugarzinho para um encontro com
|
vocês e, em metade de um dia, arranjou tudo. Quero
|
agradecer publicamente ao Doutor Gasbarri também
|
por isso que ele conseguiu fazer hoje.
|
Desejo dizer-lhes qual é a conseqüência que eu
|
espero da Jornada da Juventude: espero que façam
|
barulho. Aqui farão barulho, sem dúvida. Aqui, no
|
Rio, farão barulho, farão certamente. Mas eu quero
|
que se façam ouvir também nas dioceses, quero que
|
saiam, quero que a Igreja saia pelas estradas, quero
|
que nos defendamos de tudo o que é mundanismo,
|
24
|
imobilismo, nos defendamos do que é comodidade,
|
do que é clericalismo, de tudo aquilo que é viver fe-
|
chados em nós mesmos. As paróquias, as escolas, as
|
instituições são feitas para sair; se não o fzerem, tor-
|
nam-se uma ONG e a Igreja não pode ser uma ONG.
|
Que me perdoem os Bispos e os sacerdotes, se alguns
|
depois lhes criarem confusão. Mas este é o meu con-
|
selho. Obrigado pelo que vocês puderem fazer.
|
Olhem! Eu penso que, neste momento, a civili-
|
zação mundial ultrapassou os limites, ultrapassou os
|
limites porque criou um tal culto do deus dinheiro,
|
que estamos na presença de uma flosofa e uma prá-
|
tica de exclusão dos dois pólos da vida que consti-
|
tuem as promessas dos povos. A exclusão dos idosos,
|
obviamente: alguém poderia ser levado a pensar que
|
nisso exista, oculta, uma espécie de eutanásia, isto é,
|
não se cuida dos idosos; mas há também uma euta-
|
násia cultural, porque não se lhes deixa falar, não se
|
lhes deixa agir. E a exclusão dos jovens: a percenta-
|
gem que temos de jovens sem trabalho, sem empre-
|
go, é muito alta e temos uma geração que não tem
|
experiência da dignidade ganha com o trabalho. As-
|
sim, esta civilização nos levou a excluir os dois vérti-
|
ces que são o nosso futuro. Por isso os jovens devem
|
irromper, devem fazer-se valer; os jovens devem sair
|
para lutar pelos valores, lutar por estes valores; e os
|
25
|
idosos devem tomar a palavra, os idosos devem to-
|
mar a palavra e ensinar-nos! Que eles nos transmi-
|
tam a sabedoria dos povos!
|
Pensando ao povo argentino, de coração sincero
|
peço aos idosos: não esmoreçam na missão de ser a
|
reserva cultura do nosso povo; reserva que transmite
|
a justiça, que transmite a história, que transmite os
|
valores, que transmite a memória do povo. E vocês,
|
por favor, não se ponham contra os idosos:
deixem-
|
-nos falar, ouçam-nos e sigam em frente. Mas sai-
|
bam, saibam que neste momento vocês, jovens, e os
|
idosos estão condenados ao mesmo destino: a exclu-
|
são. Não se deixem descartar. Claro, para isso acho
|
que vocês devem trabalhar. A fé em Jesus Cristo não
|
é uma brincadeira; é uma coisa muito séria. É um
|
escândalo que Deus tenha vindo fazer-se um de nós.
|
É um escândalo que Ele tenha morrido numa
cruz.
|
É um escândalo: o escândalo da Cruz. A Cruz con-
|
tinua a escandalizar; mas é o único caminho seguro:
|
o da Cruz, o de Jesus, o da Encarnação de Jesus. Por
|
favor, não “espremam” a fé em Jesus Cristo. Há a es-
|
premedura de laranja, há a espremedura de maçã, há
|
a espremedura de banana, mas, por favor, não bebam
|
“espremedura” de fé. A fé é integral, não se espreme.
|
É a fé em Jesus. É a fé no Filho de Deus feito ho-
|
mem, que me amou e morreu por mim. Resumindo:
|
26
|
primeiro, façam-se ouvir, cuidem dos extremos da
|
população que são os idosos e os jovens. Não se dei-
|
xem excluir e não deixem que se excluam os idosos.
|
Segundo, não “espremam” a fé em Jesus Cristo. Com
|
as Bem-aventuranças… que devemos fazer, Padre?
|
Olhe! Você leia as Bem-aventuranças, que lhe farão
|
bem. Se, depois, você quer saber concretamente o
|
que deve fazer, leia o capítulo 25 de Mateus, que é
|
o regulamento segundo o qual vamos ser julgados.
|
Com essas duas coisas, vocês têm o Plano de Ação: as
|
Bem-aventuranças e Mateus 25. Você não precisam
|
ler mais. Isso lhes peço de todo o coração. Está bem?
|
Obrigado por essa unidade. Tenho pena que vocês
|
estejam aí enjaulados; eu lhes digo uma coisa: às ve-
|
zes também eu sinto isso; e não é uma boa coisa estar
|
enjaulado. Isso lhes confesso de coração, mas paciên-
|
cia! Eu entendo vocês. Também eu gostaria de estar
|
mais perto de vocês, mas entendo que, por razões de
|
segurança, não se pode. Obrigado por terem vindo!
|
Obrigado por rezarem por mim! Isto lhes peço de
|
coração. Preciso. Eu preciso de suas orações, tenho
|
tanta necessidade. Obrigado por isso! Bem! Eu quero
|
lhes dar a Bênção e, depois, benzeremos a imagem
|
da Virgem que vai percorrer toda a República… e a
|
cruz de São Francisco; viajarão em missão. Mas não
|
esqueçam! Façam-se ouvir; cuidem dos dois extre-
|
27
|
mos da vida: os dois extremos da história dos povos
|
que são os idosos e os jovens; e não “espremam” a fé.
|
E agora façamos uma oração para benzer a imagem
|
da Virgem e, em seguida, dar-lhes a Bênção.
|
Pomo-nos de pé para a Bênção, mas antes quero
|
agradecer as palavras que disse-me Dom Arancedo,
|
porque, como verdadeiro mal-educado, não lhe agra-
|
deci. Portanto, obrigado pelas suas palavras!
|
ORAÇÃO
|
Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
|
Ave Maria...
|
Senhor, Tu deixaste no meio de nós tua Mãe
|
para que nos acompanhasse.
|
Que Ela cuide de nós e nos proteja o nosso ca-
|
minho, o nosso coração, a nossa fé.
|
Que nos faça discípulos como Ela o foi, e mis-
|
sionários como Ela o foi também.
|
Que nos ensine a sair pelas estradas.
|
Que nos ensine a sair de nós mesmos.
|
28
|
Benzemos esta imagem, Senhor, que vai percor-
|
rer o país.
|
Que Ela, com a sua mansidão, a sua paz, nos in-
|
dique o caminho.
|
Senhor, Tu és um escândalo! Tu és um escânda-
|
lo: o escândalo da Cruz. Uma Cruz que é humildade,
|
mansidão; uma Cruz que nos fala da proximidade de
|
Deus. Benzemos também esta imagem da Cruz que
|
percorrerá o país.
|
Muito obrigado! Vemo-nos nestes dias.
|
Que Deus lhes abençoe. Rezem por mim. Não se
|
esqueçam!
|
29
|
Visita à Comunidade
|
da Varginha em Manguinhos
|
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
|
Que bom poder estar com vocês aqui! Que
|
bom! Desde o início, quando planejava a minha visi-
|
ta ao Brasil, o meu desejo era poder visitar todos os
|
bairros deste País. Queria bater em cada porta, dizer
|
“bom dia”, pedir um copo de água fresca, beber um
|
“cafezinho” - não um copo de cachaça! - falar como
|
a amigos de casa, ouvir o coração de cada um, dos
|
pais, dos flhos, dos avós... Mas o Brasil é tão gran-
|
de! Não é possível bater em todas as portas! Então
|
escolhi vir aqui, visitar a Comunidade de vocês; esta
|
comunidade, que hoje representa todos os bairros do
|
Brasil. Como é bom ser bem acolhido, com amor, ge-
|
nerosidade, alegria! Basta ver como vocês decoraram
|
as ruas da Comunidade; isso é também um sinal do
|
carinho que nasce do coração de vocês, do coração
|
dos brasileiros, que está em festa! Muito obrigado a
|
cada um de vocês pela linda acolhida! Agradeço ao
|
casal Rangler e Joanapelas suas belas palavras.
|
1. Desde o primeiro instante em que toquei as
|
30
|
terras brasileiras e também aqui junto de vocês, me
|
sinto acolhido. E é importante saber acolher; é algo
|
mais bonito que qualquer enfeite ou decoração. Isso
|
é assim porque quando somos generosos
acolhendo
|
uma pessoa e partilhamos algo com ela – um pouco
|
de comida, um lugar na nossa casa, o nosso tempo
|
- não fcamos mais pobres, mas enriquecemos. Sei
|
bem que quando alguém que precisa comer bate na
|
sua porta, vocês sempre dão um jeito de comparti-
|
lhar a comida: como diz o ditado, sempre se pode
|
“colocar mais água no feijão”! Se pode colocar mais
|
água no feijão? … Sempre? ... E vocês fazem isto com
|
amor, mostrando que a verdadeira riqueza não está
|
nas coisas, mas no coração!
|
E o povo brasileiro, sobretudo as pessoas mais
|
simples, pode dar para o mundo uma grande lição de
|
solidariedade, que é uma palavra – esta palavra soli-
|
dariedade – é uma palavra frequentemente
esquecida
|
ou silenciada, porque é incômoda. Quase parece um
|
palavrão… solidariedade! Queria lançar um apelo a
|
todos os que possuem mais recursos, às autoridades
|
públicas e a todas as pessoas de boa vontade com-
|
prometidas com a justiça social: Não se cansem de
|
trabalhar por um mundo mais justo e mais solidário!
|
Ninguém pode permanecer insensível às desigualda-
|
des que ainda existem no mundo! Cada um, na me-
|
31
|
dida das próprias possibilidades e
responsabilidades,
|
saiba dar a sua contribuição para acabar com tantas
|
injustiças sociais! Não é, não é a cultura do egoís-
|
mo, do individualismo, que frequentemente regula a
|
nossa sociedade, aquela que constrói e conduz a um
|
mundo mais habitável; não é ela, mas sim a cultura
|
da solidariedade; a cultura da solidariedade é ver no
|
outro não um concorrente ou um número, mas um
|
irmão. E todos nós somos irmãos!
|
Quero encorajar os esforços que a sociedade
|
brasileira tem feito para integrar todas as partes do
|
seu corpo, incluindo as mais sofridas e necessitadas,
|
através do combate à fome e à miséria. Nenhum esfor-
|
ço de “pacifcação” será duradouro, não haverá har-
|
monia e felicidade para uma sociedade que ignora,
|
que deixa à margem, que abandona na periferia par-
|
te de si mesma. Uma sociedade assim simplesmente
|
empobrece a si mesma; antes, perde algo de essencial
|
para si mesma. Não deixemos, não deixemos entrar
|
no nosso coração a cultura do descartável! Não dei-
|
xemos entrar no nosso coração a cultura do descar-
|
tável, porque nós somos irmãos. Ninguém é descar-
|
tável! Lembremo-nos sempre: somente quando se é
|
capaz de compartilhar é que se enriquece de verdade;
|
tudo aquilo que se compartilha se multiplica! Pense-
|
mos na multiplicação dos pães de Jesus! A medida da
|
32
|
grandeza de uma sociedade é dada pelo modo como
|
esta trata os mais necessitados, quem não tem outra
|
coisa senão a sua pobreza!
|
2. Queria dizer-lhes também que a Igreja, «ad-
|
vogada da justiça e defensora dos pobres diante das
|
intoleráveis desigualdades sociais e econômicas, que
|
clamam ao céu» (Documento de Aparecida, 395),
|
deseja oferecer a sua colaboração em todas as inicia-
|
tivas que signifquem um autêntico desenvolvimento
|
do homem todo e de todo o homem. Queridos ami-
|
gos, certamente é necessário dar o pão a quem tem
|
fome; é um ato de justiça. Mas existe também uma
|
fome mais profunda, a fome de uma felicidade que só
|
Deus pode saciar. Fome de dignidade. Não existe ver-
|
dadeira promoção do bem-comum, nem verdadeiro
|
desenvolvimento do homem, quando se ignoram os
|
pilares fundamentais que sustentam uma nação, os
|
seus bens imateriais: a vida, que é dom de Deus, um
|
valor que deve ser sempre tutelado e promovido; a fa-
|
mília, fundamento da convivência e remédio contra
|
a desagregação social; a educação integral, que não
|
se reduz a uma simples transmissão de informações
|
com o fm de gerar lucro; a saúde, que deve buscar o
|
bem-estar integral da pessoa, incluindo a dimensão
|
espiritual, que é essencial para o equilíbrio humano e
|
uma convivência saudável; a segurança, na convicção
|
33
|
de que a violência só pode ser vencida a partir da
|
mudança do coração humano.
|
3. Queria dizer uma última coisa, uma última
|
coisa. Aqui, como em todo o Brasil, há muitos jovens.
|
Hein, jovens! Vocês, queridos jovens, possuem uma
|
sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas
|
vezes se desiludem com notícias que falam de cor-
|
rupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem
|
comum, procuram o seu próprio benefício. Também
|
para vocês e para todas as pessoas repito: nunca desa-
|
nimem, não percam a confança, não deixem que se
|
apague a esperança. A realidade pode mudar, o ho-
|
mem pode mudar. Procurem ser vocês os primeiros
|
a praticar o bem, a não se acostumarem ao mal, mas
|
a vencê-lo com o bem. A Igreja está ao lado de vocês,
|
trazendo-lhes o bem precioso da fé, de Jesus Cris-
|
to, que veio «para que todos tenham vida, e vida
em
|
abundância» (Jo 10,10).
|
Hoje a todos vocês, especialmente aos mora-
|
dores dessa Comunidade de Varginha, quero dizer:
|
Vocês não estão sozinhos, a Igreja está com vocês, o
|
Papa está com vocês. Levo a cada um no meu cora-
|
ção e faço minhas as intenções que vocês carregam
|
no seu íntimo: os agradecimentos pelas alegrias, os
|
pedidos de ajuda nas difculdades, o desejo de conso-
|
34
|
lação nos momentos de tristeza e sofrimento. Tudo
|
isso confo à intercessão de Nossa Senhora Apareci-
|
da, Mãe de todos os pobres do Brasil, e com grande
|
carinho lhes concedo a minha Bênção. Obrigado!
|
35
|
Festa de Acolhida dos jovens
|
na Praia de Copacabana
|
Jovens amigos,
|
«É bom estarmos aqui!»: exclamou Pedro, de-
|
pois de ter visto o Senhor Jesus transfgurado, reves-
|
tido de glória. Queremos também nós repetir estas
|
palavras? Penso que sim, porque para todos nós,
|
hoje, é bom estar aqui juntos unidos em torno de Je-
|
sus! É Ele que nos acolhe e se faz presente em meio a
|
nós, aqui no Rio. Mas, no Evangelho, escutamos tam-
|
bém as palavras de Deus Pai: «Este é o meu Filho, o
|
Eleito. Escutai-O!» (Lc 9, 35). Então, se por um lado
|
é Jesus quem nos acolhe, por outro também nós de-
|
vemos acolhê-lo, fcar à escuta da sua palavra, pois é
|
justamente acolhendo a Jesus Cristo, Palavra encar-
|
nada, que o Espírito Santo nos transforma, ilumina
|
o caminho do futuro e faz crescer em nós as asas da
|
esperança para caminharmos com alegria (cf. Carta
|
enc. Lumen fdei, 7).
|
Mas o que podemos fazer? «Bote fé». A cruz da
|
Jornada Mundial da Juventude peregrinou através do
|
Brasil inteiro com este apelo. «Bote fé»: o que signi-
|
36
|
fca? Quando se prepara um bom prato e vê que fal-
|
ta o sal, você então “bota” o sal; falta o azeite, então
|
«bota» o azeite... «Botar», ou seja, colocar, derramar.
|
É assim também na nossa vida, queridos jovens: se
|
queremos que ela tenha realmente sentido e pleni-
|
tude, como vocês mesmos desejam e merecem, digo
|
a cada um e a cada uma de vocês: «bote fé» e a vida
|
terá um sabor novo, terá uma bússola que indica a
|
direção; «bote esperança» e todos os seus dias serão
|
iluminados e o seu horizonte já não será escuro, mas
|
luminoso; «bote amor» e a sua existência será como
|
uma casa construída sobre a rocha, o seu caminho
|
será alegre, porque encontrará muitos amigos que
|
caminham com você. «Bote fé», «bote esperança»,
|
«bote amor»!
|
Mas quem pode nos dar tudo isso? No Evange-
|
lho, escutamos a resposta: Cristo. «Este é o meu Fi-
|
lho, o Eleito. Escutai-O»! Jesus é Aquele que nos traz
|
a Deus e que nos leva a Deus; com Ele toda a nossa
|
vida se transforma, se renova e nós podemos olhar a
|
realidade com novos olhos, «a partir da perspectiva
|
de Jesus e com os seus olhos» (Lumen fdei, 18). Por
|
isso, hoje, lhes digo com força: «Bote Cristo» na sua
|
vida, e você encontrará um amigo em quem sempre
|
confar; «bote Cristo», e você verá crescer as asas da
|
esperança para percorrer com alegria o caminho do
|
37
|
futuro; «bote Cristo» e a sua vida fcará cheia do seu
|
amor, será uma vida fecunda.
|
Hoje, queria que nos perguntássemos com sin-
|
ceridade: em quem depositamos a nossa confança?
|
Em nós mesmos, nas coisas, ou em Jesus? Sentimo-
|
-nos tentados a colocar a nós mesmos no centro, a
|
crer que somos somente nós que construímos a nos-
|
sa vida, ou que ela se encha de felicidade com o pos-
|
suir, com o dinheiro, com o poder. Mas não é assim!
|
É verdade, o ter, o dinheiro, o poder
podem gerar um
|
momento de embriaguez, a ilusão de ser feliz, mas,
|
no fm de contas, são eles que nos possuem e nos le-
|
vam a querer ter sempre mais, a nunca estar saciados.
|
«Bote Cristo» na sua vida, deposite n’Ele a sua
con-
|
fança e você nunca se decepcionará! Vejam, queri-
|
dos amigos, a fé realiza na nossa vida uma revolução
|
que podíamos chamar copernicana, porque nos tira
|
do centro e o restitui a Deus; a fé nos imerge no seu
|
amor que nos dá segurança, força, esperança. Apa-
|
rentemente não muda nada, mas, no mais íntimo de
|
nós mesmos, tudo muda. No nosso coração, habita a
|
paz, a mansidão, a ternura, a coragem, a
serenidade
|
e a alegria, que são os frutos do Espírito Santo (cf.
|
Gl 5, 22) e a nossa existência se transforma, o nosso
|
modo de pensar e agir se renova, torna-se o modo de
|
pensar e de agir de Jesus, de Deus. No Ano da Fé, esta
|
38
|
Jornada Mundial da Juventude é justamente um dom
|
que nos é oferecido para fcarmos ainda mais perto
|
de Jesus, para ser seus discípulos e seus missionários,
|
para deixar que Ele renove a nossa vida.
|
Querido jovem: «bote Cristo» na sua vida. Nes-
|
tes dias, Ele lhe espera na Palavra; escute-O com aten-
|
ção e o seu coração será infamado pela sua presença;
|
«Bote Cristo: Ele lhe acolhe no
Sacramento do per-
|
dão, para curar, com a sua misericórdia, as feridas do
|
pecado. Não tenham medo de pedir perdão a Deus.
|
Ele nunca se cansa de nos perdoar, como um pai que
|
nos ama. Deus é pura misericórdia! «Bote Cristo: Ele
|
lhe espera no encontro com a sua Carne na Eucaris-
|
tia, Sacramento da sua presença, do seu sacrifício de
|
amor, e na humanidade de tantos jovens que vão lhe
|
enriquecer com a sua amizade, lhe encorajar com o
|
seu testemunho de fé, lhe ensinar a linguagem da ca-
|
ridade, da bondade, do serviço. Você também, queri-
|
do jovem, pode ser uma testemunha jubilosa do seu
|
amor, uma testemunha corajosa do seu Evangelho
|
para levar a este nosso mundo um pouco de luz.
|
«É bom estarmos aqui», botando Cristo na nos-
|
sa vida, botando a fé, a esperança, o amor que Ele nos
|
dá. Queridos amigos, nesta celebração acolhemos a
|
39
|
imagem de Nossa Senhora Aparecida. Com Maria,
|
queremos ser discípulos e missionários. Como Ela,
|
queremos dizer «sim» a Deus. Peçamos ao seu cora-
|
ção de mãe que interceda por nós, para que os nos-
|
sos corações estejam disponíveis para amar a Jesus e
|
fazê-lo amar. Queridos jovens, Jesus está esperando
|
por nós e conta conosco! Amém.
|
40
|
Oração do Angelus Domini
|
do balcão central do Palácio
|
Arquiepiscopal São Joaquim
|
Caríssimos irmãos e amigos, bom dia!
|
Dou graças à divina Providência por ter guiado
|
meus passos até aqui, na cidade de São Sebastião do
|
Rio de Janeiro. Agradeço de coração sincero a Dom
|
Orani e também a vocês pelo acolhimento caloroso,
|
com que manifestam seu carinho pelo Sucessor de
|
Pedro. Desejaria que a minha passagem por esta ci-
|
dade do Rio renovasse em todos o amor a Cristo e à
|
Igreja, a alegria de estar unidos a Ele e de pertencer a
|
Igreja e o compromisso de viver e testemunhar a fé.
|
Uma belíssima expressão da fé do povo é a
|
“Hora da Ave Maria”. É uma oração simples que se
|
reza nos três momentos característicos da jornada
|
que marcam o ritmo da nossa atividade quotidiana:
|
de manhã, ao meio-dia e ao anoitecer. É, porém, uma
|
oração importante; convido a todos a rezá-la com a
|
Ave Maria. Lembra-nos de um acontecimento lumi-
|
noso que transformou a história: a Encarnação, o Fi-
|
lho de Deus se fez homem em Jesus de Nazaré.
|
41
|
Hoje a Igreja celebra os pais da Virgem Maria,
|
os avós de Jesus: São Joaquim e Sant’Ana. Na casa de-
|
les, veio ao mundo Maria, trazendo consigo aquele
|
mistério extraordinário da Imaculada Conceição; na
|
casa deles, cresceu, acompanhada pelo seu amor e
|
pela sua fé; na casa deles, aprendeu a escutar o Se-
|
nhor e seguir a sua vontade. São Joaquim e Sant’Ana
|
fazem parte de uma longa corrente que transmitiu
|
a fé e o amor a Deus, no calor da família, até Maria,
|
que acolheu em seu seio o Filho de Deus e o ofereceu
|
ao mundo, ofereceu-o a nós. Vemos aqui o valor pre-
|
cioso da família como lugar privilegiado para
trans-
|
mitir a fé! Olhando para o ambiente familiar, queria
|
destacar uma coisa: hoje, na festa de São Joaquim e
|
Sant’Ana, no Brasil como em outros países, se cele-
|
bra a festa dos avós. Como os avós são importantes
|
na vida da família, para comunicar o patrimônio de
|
humanidade e de fé que é essencial para qualquer so-
|
ciedade! E como é importante o encontro e o diálogo
|
entre as gerações, principalmente dentro da família.
|
O Documento de Aparecida nos recorda: “Crianças
|
e anciãos constroem o futuro dos povos; as crianças
|
porque levarão por adiante a história, os anciãos por-
|
que transmitem a experiência e a sabedoria de suas
|
vidas” (Documento de Aparecida, 447). Esta rela-
|
ção, este diálogo entre as gerações é um tesouro que
|
42
|
deve ser conservado e alimentado! Nesta Jornada
|
Mundial da Juventude, os jovens querem saudar os
|
avós. Eles saúdam os seus avós com muito carinho.
|
Aos avós. Saudamos os avós. Eles, os jovens, saúdam
|
os seus avós com muito carinho e lhes agradecem
|
pelo testemunho de sabedoria que nos oferecem
|
continuamente.
|
E agora, nesta praça, nas ruas adjacentes, nas
|
casas que acompanham conosco este momento de
|
oração, sintamo-nos como uma única grande família
|
e nos dirijamos a Maria para que guarde as nossas
|
famílias, faça delas lares de fé e de amor, onde se sinta
|
a presença do seu Filho Jesus.
|
43
|
Via-Sacra com os jovens
|
na Praia de Copacabana
|
Queridos jovens,
|
Viemos hoje acompanhar Jesus no seu caminho
|
de dor e de amor, o caminho da Cruz, que é um dos
|
momentos fortes da Jornada Mundial da Juventude.
|
No fnal do Ano Santo da Redenção, o bem-aven-
|
turado João Paulo II quis confá-la a vocês, jovens,
|
dizendo-lhes: “Levai-a pelo mundo, como sinal do
|
amor de Jesus pela humanidade e anunciai a todos
|
que só em Cristo morto e ressuscitado há salvação e
|
redenção.”
|
A partir de então a cruz percorreu todos os con-
|
tinentes e atravessou os mais variados mundos da
|
existência humana, fcando quase que impregnada
|
com as situações de vida de tantos jovens que a
viram
|
e carregaram. Ninguém pode tocar a cruz de Jesus
|
sem deixar algo de si mesmo nela e sem trazer algo
|
da cruz de Jesus para sua própria vida. Nesta tarde,
|
acompanhando o Senhor, queria que ressoassem três
|
perguntas nos seus corações: O que vocês terão dei-
|
xado na cruz, queridos jovens brasileiros, nestes dois
|
44
|
anos em que ela atravessou seu imenso País? E o que
|
terá deixado a cruz de Jesus em cada um de vocês? E,
|
fnalmente, o que esta cruz ensina para a nossa vida?
|
Uma antiga tradição da Igreja de Roma conta
|
que o apóstolo Pedro, saindo da cidade para fugir da
|
perseguição do imperador Nero, viu que Jesus cami-
|
nhava na direção oposta e, admirado, lhe perguntou:
|
“Para onde vais, Senhor?”. E a resposta de Jesus foi:
|
“Vou a Roma para ser crucifcado outra vez”. Naquele
|
momento, Pedro entendeu que devia seguir o Senhor
|
com coragem até o fm, mas entendeu sobretudo que
|
nunca estava sozinho no caminho; com ele, sempre
|
estava aquele Jesus que o amara até o ponto de mor-
|
rer na cruz.
|
Pois bem, Jesus com a sua cruz atravessa os
|
nossos caminhos para carregar os nossos medos, os
|
nossos problemas, os nossos sofrimentos, mesmo os
|
mais profundos. Com a cruz, Jesus se une ao silêncio
|
das vítimas da violência, que já não podem clamar,
|
sobretudo os inocentes e indefesos; nela Jesus se une
|
às famílias que passam por difculdades, que
choram
|
a perda de seus flhos, ou que sofrem vendo-os presas
|
de paraísos artifciais como a droga; nela Jesus se une
|
a todas as pessoas que passam fome, num mundo
|
que todos os dias joga fora toneladas de comida; nela
|
45
|
Jesus se une a quem é perseguido pela religião, pelas
|
ideias, ou simplesmente pela cor da pele; nela Jesus
|
se une a tantos jovens que perderam a confança nas
|
instituições políticas, por verem egoísmo e corrup-
|
ção, ou que perderam a fé na Igreja, e até mesmo em
|
Deus, pela incoerência de cristãos e de ministros do
|
Evangelho.
|
Na cruz de Cristo está o sofrimento, o pecado
|
do homem, o nosso também, e Ele acolhe tudo com
|
seus braços abertos, carrega nas suas costas as nossas
|
cruzes e nos diz: Coragem! Você não está sozinho a
|
levá-la! Eu a levo com você. Eu venci a morte e vim
|
para lhe dar esperança, dar-lhe vida.
|
E assim podemos responder à segunda pergun-
|
ta: o que foi que a cruz deixou naqueles que a viram,
|
naqueles que a tocaram? O que deixa em cada um de
|
nós? Deixa um bem que ninguém mais pode nos dar:
|
a certeza do amor inabalável de Deus por nós. Um
|
amor tão grande que entra no nosso pecado e o per-
|
doa, entra no nosso sofrimento e nos dá a força para
|
poder levá-lo, entra também na morte para derrotá-
|
-la e nos salvar. Na cruz de Cristo, está todo o amor
|
de Deus, a sua imensa misericórdia. E este é um amor
|
em que podemos confar, em que podemos crer. Que-
|
ridos jovens, confemos em Jesus, abandonemo-nos
|
46
|
totalmente a Ele! Só em Cristo morto e ressuscitado
|
encontramos salvação e redenção. Com Ele, o mal, o
|
sofrimento e a morte não têm a última palavra, por-
|
que Ele nos dá a esperança e a vida: transformou a
|
cruz, de instrumento de ódio, de derrota, de morte,
|
em sinal de amor, de vitória e de vida.
|
O primeiro nome dado ao Brasil foi justamente
|
o de “Terra de Santa Cruz”. A cruz de Cristo foi plan-
|
tada não só na praia, há mais de cinco séculos, mas
|
também na história, no coração e na vida do povo
|
brasileiro e não só: o Cristo sofredor, sentimo-lo pró-
|
ximo, como um de nós que compartilha o nosso ca-
|
minho até o fnal. Não há cruz, pequena ou grande,
|
da nossa vida que o Senhor não venha compartilhar
|
conosco.
|
Mas a Cruz de Cristo também nos convida
|
a deixar-nos contagiar por este amor; ensina-nos,
|
pois, a olhar sempre para o outro com misericórdia
|
e amor, sobretudo quem sofre, quem tem necessi-
|
dade de ajuda, quem espera uma palavra, um gesto;
|
ensina-nos a sair de nós mesmos para ir ao encontro
|
destas pessoas e lhes estender a mão. Tantos rostos
|
acompanharam Jesus no seu caminho até a Cruz: Pi-
|
latos, o Cirineu, Maria, as mulheres...
|
Também nós diante dos demais podemos ser
|
47
|
como Pilatos que não teve a coragem de ir contra
|
a corrente para salvar a vida de Jesus, lavando-se as
|
mãos. Queridos amigos, a cruz de Cristo nos ensina
|
a ser como o Cirineu, que ajuda Jesus levar aquele
|
madeiro pesado, como Maria e as outras mulheres,
|
que não tiveram medo de acompanhar Jesus até o f-
|
nal, com amor, com ternura. E você como é? Como
|
Pilatos, como o Cirineu, como Maria?
|
Queridos jovens, levamos as nossas alegrias, os
|
nossos sofrimentos, os nossos fracassos para a cruz
|
de Cristo; encontraremos um coração aberto que nos
|
compreende, perdoa, ama e pede para levar este mes-
|
mo amor para a nossa vida, para amar cada irmão e
|
irmã com este mesmo amor. Assim seja!
|
48
|
Santa Missa com os Bispos da
|
XXVIII JMJ e com os Sacerdotes,
|
os Religiosos e os Seminaristas na
|
Catedral de São Sebastião
|
Amados Irmãos em Cristo,
|
Vendo esta catedral lotada com Bispos, sacer-
|
dotes, seminaristas, religiosos e religiosas vindos
|
do mundo inteiro, penso nas palavras do Salmo da
|
Missa de hoje: “Que as nações vos glorifiquem, ó Se-
|
nhor” (Sl 66).
|
Sim, estamos aqui reunidos para glorifcar o
|
Senhor; e o fazemos reafrmando a nossa vontade
|
de sermos seus instrumentos, para que não somen-
|
te algumas nações mas todas glorifquem o Senhor.
|
Com a mesma paresia --coragem, ousadia-- de Paulo
|
e Barnabé, anunciemos o Evangelho aos nossos jo-
|
vens para que encontrem Cristo, luz para o caminho,
|
e se tornem construtores de um mundo mais frater-
|
no. Neste sentido, queria refetir com vocês sobre três
|
aspectos da nossa vocação: chamados por Deus; cha-
|
mados para anunciar o Evangelho; chamados a pro-
|
mover a cultura do encontro.
|
49
|
1. Chamados por Deus. É importante reavivar
|
em nós esta realidade que, frequentemente, damos
|
por descontada em meio a tantas atividades do dia a
|
dia: “Não fostes vós que me escolhestes, mas eu que
|
vos escolhi”, diz-nos Jesus (Jo 15,16).Signifca retor-
|
nar à fonte da nossa chamada.
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No início de nosso caminho vocacional, há uma
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eleição divina. Fomos chamados por Deus, e chama-
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dos para permanecer com Jesus (cf. Mc 3, 14), unidos
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a Ele de um modo tão profundo que nos permite di-
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zer com São Paulo: “Eu vivo, mas não eu, é Cristo que
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vive em mim” (Gal 2, 20). Este viver em Cristo con-
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fgura realmente tudo aquilo que somos e fazemos.
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E esta “vida em Cristo” é justamente o que ga-
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rante a nossa efcácia apostólica, a fecundidade do
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nosso serviço: ‘Eu vos designei para irdes e
para
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que produzais fruto e o vosso fruto permaneça” (Jo
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15,16). Não é a criatividade pastoral, não são as reu-
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niões ou planejamentos que garantem os frutos, mas
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ser fel a Jesus, que nos diz com insistência: “Perma-
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necei em mim, e eu permanecerei em vós” (Jo 15, 4).
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E nós sabemos bem o que isso signifca: Con-
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templá-lo, adorá-lo e abraçá-lo, particularmente
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através da nossa fidelidade à vida de oração, do nos-
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so encontro diário com Ele presente na Eucaristia e
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nas pessoas mais necessitadas. O “permanecer” com
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Cristo não é se isolar, mas é um permanecer para ir
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ao encontro dos demais. Vem-me à cabeça umas pa-
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lavras da Bem-aventurada Madre Teresa de Calcutá:
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“Devemos estar muito orgulhosas da nossa vocação,
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que nos dá a oportunidade de servir Cristo nos po-
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bres. É nas favelas, nos ‘cantegriles’ nas Villas miséria,
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que nós devemos ir procurar e servir a Cristo. Deve-
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mos ir até eles como o sacerdote se aproxima do altar,
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cheio de alegria” (Mother Instructions, I, p.80). Jesus,
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Bom Pastor, é o nosso verdadeiro tesouro;
procure-
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mos fxar sempre mais n’Ele o nosso coração (cf. Lc
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12, 34).
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2. Chamados para anunciar o Evangelho. Que-
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ridos bispos e sacerdotes, muitos de vocês, senão to-
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dos, vieram acompanhar seus jovens à Jornada Mun-
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dial. Eles também ouviram as palavras do mandato
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de Jesus: “Ide e fazei discípulos entre todas as nações’
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(cf. Mt 28,19). É nosso compromisso ajudá-los a fa-
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zer arder, no seu coração, o desejo de serem discípu-
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los missionários de Jesus. Certamente muitos,
diante
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desse convite, poderiam sentir-se um pouco atemo-
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rizados, imaginando que ser missionário signifca
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deixar necessariamente o País, a família e os amigos.
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Recordo o meu sonho da juventude: partir
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missionário para o longínquo Japão. Mas Deus me
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mostrou que o meu território de missão estava mui-
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to mais perto: na minha pátria. Ajudemos os jovens
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a perceberem que ser discípulo missionário é uma
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consequência de ser batizado, é parte essencial do ser
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cristão, e que o primeiro lugar onde evangelizar é a
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própria casa, o ambiente de estudo ou de trabalho, a
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família e os amigos. Não poupemos forças na forma-
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ção da juventude! São Paulo usa uma bela expressão,
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que se tornou realidade na sua vida, dirigindo-se aos
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seus cristãos: “Meus flhos, por vós sinto de novo as
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dores do parto até Cristo ser formado em vós” (Gal
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4, 19).
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Também nós façamos que isso se torne realida-
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de no nosso ministério! Ajudemos os nossos jovens
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a descobrir a coragem e a alegria da fé, a alegria de
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ser pessoalmente amados por Deus, que deu o seu
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Filho Jesus para nossa salvação. Eduquemo-los para
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a missão, para sair, para partir. Jesus fez assim com
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os seus discípulos: não os manteve colados a si, como
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uma galinha com os seus pintinhos; Ele os enviou!
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Não podemos ficaram encerrados na paróquia, nas nos-
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sas comunidades, quando há tanta gente esperando
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o Evangelho! Não se trata simplesmente de abrir a
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porta para acolher, mas de sair pela porta fora para
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procurar e encontrar.
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Decididamente pensemos a pastoral a partir da
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periferia, daqueles que estão mais afastados, daque-
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les que habitualmente não frequentam a paróquia.
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Também eles são convidados para a Mesa do Senhor.
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3. Chamados a promover a cultura do encontro.
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Em muitos ambientes, infelizmente, ganhou espaço
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a cultura da exclusão, a “cultura do descartável”. Não
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há lugar para o idoso, nem para o filho indesejado;
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não há tempo para se deter com o pobre caído à mar-
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gem da estrada. Às vezes parece que, para alguns, as
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relações humanas sejam regidas por dois “dogmas”
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modernos: eficiência e pragmatismo. Queridos Bis-
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pos, sacerdotes, religiosos e também vocês, semina-
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ristas, que se preparam para o ministério, tenham a
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coragem de ir contra a corrente. Não renunciemos a
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este dom de Deus: a única família dos seus filhos. O
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encontro e o acolhimento de todos, a solidariedade e
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a fraternidade são os elementos que tornam a nossa
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