Mensagem do Papa Francisco aos muçulmanos pelo fim do Ramadã Sexta-feira, 2 de agosto de 2013
Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal
Tradução: Jéssica Marçal
Aos muçulmanos
no mundo inteiro
É para mim um
grande prazer dirigir-lhes a minha saudação por ocasião da celebração do “Id
al-Fitr”, que encerra o mês do Ramadã, dedicado principalmente ao jejum, à
oração e à esmola.
Tornou-se
tradição que, nesta ocasião, o Pontifício Conselho para o Diálogo
Inter-religioso vos mande uma mensagem com cumprimentos, acompanhada de um tema
oferecido pela reflexão comum. Neste ano, primeiro do meu pontificado, decidi
assinar eu mesmo esta tradicional mensagem e de enviá-la a vocês, queridos
amigos, como expressão de estima e amizade por todos os muçulmanos,
especialmente aqueles que são chefes religiosos.
Como todos
sabem, quando os Cardeais me elegeram como Bispo de Roma e Pastor Universal da
Igreja católica, escolhi o nome de “Francisco”, um santo muito famoso, que amou
profundamente Deus e todo ser humano, ao ponto de ser chamado “irmão
universal”. Ele amou, ajudou e serviu os necessitados, os doentes e os pobres;
também tomou conta da criação.
Sou consciente
de que, neste período, as dimensões familiares e sociais são particularmente
importantes para os muçulmanos e vale a pena notar que há certos paralelos em
cada uma dessas áreas com a fé e a prática cristã.
Neste ano, o tema sobre o qual gostaria de refletir com
vocês e com todos aqueles que lerão esta mensagem, e que diz respeito seja aos
muçulmanos seja aos cristãos, é a promoção do mútuo respeito através da
educação.
O tema deste
ano pretende destacar a importância da educação no modo pelo qual nos
compreendemos uns aos outros, na base do mútuo respeito. “Respeito” significa
uma atitude de gentileza para com as pessoas pelas quais alimentamos
consideração e estima. “Mútuo” significa que este não é um processo em sentido
único, mas algo que se compartilha por ambas as partes
Aquilo a que
somos chamados a respeitar em cada pessoa é, antes de tudo, a sua vida, a sua
integridade física, a sua dignidade e os direitos decorrentes, a sua reputação,
a sua propriedade, a sua identidade étnica e cultural, as suas ideias e as suas
escolhas políticas. Somos, por isso, chamados a pensar, falar e escrever sobre
o outro de modo respeitoso, não somente na sua presença, mas sempre e em
qualquer lugar, evitando críticas injustas ou difamação. Para atingir este
objetivo, têm um papel a desenvolver as famílias, as escolas, o ensino
religioso e todo tipo de meio de comunicação social.
Passando agora
para o mútuo respeito nas relações inter-religiosas, especialmente entre
cristãos e muçulmanos, somos chamados a respeitar a religião do outro, os seus
ensinamentos, símbolos e valores. Um respeito especial é devido aos chefes
religiosos e aos lugares de culto. Quanta dor causam os ataques uns aos outros!
Claramente, no
manifestar respeito pela religião dos outros ou no estender a eles bons votos
em ocasião de uma celebração religiosa, buscamos simplesmente compartilhar a
alegria, sem fazer referência ao conteúdo das suas convicções religiosas.
Quanto à
educação da juventude muçulmana e cristã, devemos formar os nossos jovens para
pensar e falar de modo respeitoso das outras religiões e dos seus seguidores,
evitando colocar no ridículo ou denegrir as suas convicções e práticas.
Todos sabemos
que o mútuo respeito é fundamental em toda relação humana, especialmente entre
pessoas que professam uma crença religiosa. É assim que pode crescer uma
amizade sincera e duradoura
No receber o
Corpo Diplomático acreditado junto à Santa Sé, em 22 de março de 2013, eu
disse: “Não se pode viver laços verdadeiros com Deus ignorando os outros. Por
isto, é importante intensificar o diálogo entre as várias religiões, penso
antes de tudo naquelas com o Islã, e apreciei muito a presença, durante a Missa
de início do meu ministério, de tantas autoridades civis e religiosas do mundo
islâmico”. Com estas palavras, quis confirmar uma vez mais a grande importância
do diálogo e da cooperação entre os crentes, em particular entre cristãos e
muçulmanos, e a necessidade de fortalecê-la.
Com estes sentimentos, renovo a minha esperança de que
todos os cristãos e muçulmanos possam ser verdadeiros promotores de mútuo respeito
e amizade, em particular através da educação.
Ofereço-vos, finalmente, os meus melhores votos e
orações a fim de que as vossas vidas possam glorificar o Altíssimo e causar
alegria àqueles que estão ao vosso redor.
Boa festa a
todos vocês!
Do Vaticano, 10
de julho de 2013
FRANCISCUS
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