O Santíssimo, a arte, a Fé e o tapete colorido
P de Ponto, V
de Vista - Por Paulo Vasconcellos
Formar um conjunto com itens temáticos sustenta
várias vocações que vão da evangelização até as mãos dos artistas que traçam
gravuras no chão para darem formas a um belo tapete colorido. Depois da conclusão
do trabalho voluntário de integrantes dos grupos coordenados pela paróquia de
Capanema, cidade localizada no Nordeste do Pará, distante 150 Km da capital,
Belém. Esses primeiro relatos facilitam
o leitor a assimilar a que estou me referindo, pois em 37 anos, as cores se
misturam aos desenhos e distribuídos em 1.300 metros de ruas, dão conotação a
celebração de Corpus Christi, festa católica que anualmente é realizada na
cidade.
Há quem conte nos dedos as vezes que já trabalhou na
decoração do trecho e precisa ter cuidado para não perder a conta, pois não
existe idade limite para o trabalho, que se transforma em satisfação para quem põe
a mão literalmente na massa. As folhas de
árvores, flores, tapetes em tecidos, toalhas coloridas e poucos acompanhantes,
fazem parte dos primeiros passos dados na procissão de Corpus Christi em
Capanema, evento que ganhou força a partir do ano 1976. Naquela época, o Brasil
estava saindo de uma ditadura, mas frei Hermes Recanatti, usava sua autoridade eclesial,
para coordenar a caminhada da paróquia
de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. A figura emblemática de Frei Hermes, lembrada
até os dias de hoje, além de representar sua administração junto aos
paroquianos, representa também uma patente respeitosa que com o passar dos anos
teve sua consistência igualada a qualquer outro administrador.
Os jovens, principalmente, vêm assumindo postos
importantes, tanto na coordenação, como no apoio logístico ao evento de Corpus
Christi, evento este que às vezes é até confundido apenas com a figuração
cultural, por ser dotado de arte e criatividade, entretanto, o cunho religioso
é também centro das atenções. Faço menção a todos os artistas que já
emprestaram seus serviços à procissão, citando alguns nomes, para que minha retórica
fique mais enriquecida: - Jeová Barros, Edmilson Bahia, Djalma Maciel,
Tremendão, José Maria Glins e muitos outros desenhistas que construíram lastros
para o surgimento de substitutos a altura. A estrutura de Corpus Christi
permite que pessoas de todas as idades contribuam com tudo o que configura o
trabalho, sendo que com as experiências adquiridas, criatividades somam-se e a
realidade permite que os avanços sejam presentes.
O corpo diretivo da festa é de responsabilidade da
paróquia, mas a comunidade se integra de tal forma, que a prática é encarada
com naturalidade e quando se aproxima o momento da conclusão dos trabalhos,
ficam sempre as reticências que se juntam à certeza do dever cumprido. A serragem de madeira, por exemplo, antes
matéria prima de primeira necessidade, aos poucos vai ficando escassa e dando
lugar a outros produtos que ajudam a dar tons coloridos diferenciados. Como acompanho
o evento desde o início da realização, assim como os artistas que apresentam
suas criatividades, posso mensurar o quanto cresceu essa manifestção católica,
conhecida em várias partes do mundo, por sua originalidade de nunca ter perdido
o referencial. Na questão eucarística, podemos definir que a religiosidade do
povo católico de Capanema é sempre alvo de comentários, motivo que eleva ainda
mais a festividade, sobretudo por contar com presenças de sacerdotes de outros
centros paroquiais, bem como, pessoas quem escolhem Capanema para passar o dia
de Corpus Christi, participando de todas as celebrações.
Como esse artigo dá tratamento sintetizado ao
acontecimento, manifesto minhas recomendações para aqueles que nunca viram de
perto a junção da arte e da cultura com a Fé expressa no semblante de quem
caminha no pequeno trecho de 1.300 metros, sobre a decoração ornamental, sem
sequer esboçar qualquer tipo de cansaço. O colorido pode ser um dos chamativos
para a festa, mas o Sacramento da Eucaristia perfaz o compromisso do povo
católico em acompanhar a procissão, louvando, cantando e agradecendo.
O autor é jornalista militando há mais de 25 anos em
Capanema, também integrante da Academia Capanemense de Letras e Artes- ACLA.
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