Bilionário ‘made by’ PT
Eis o xis da questão: Está provado pelo mapa que
a ganância pelo poder tem “rabo preso” em diversos escangalhos e com isso, o
dinheiro público deixa de cair no ralo para cair em uma profunda cratera,
escavacada no solo rico em ouro que o Brasil possui. Aprovo a coragem de Lúcio
Flávio, que descasca o abacaxi e joga as cascas ao alcance de quem brinca de fazer
fortuna. Enquanto isso, a menor camada da população vive na miséria, recebendo
as bolsas esmolas do governo. (PV)
Em quatro anos, de 2006 a 2010, o empresário
Eike Batista arrecadou 13,6 bilhões de reais de investidores brasileiros. O
BNDES entrou com R$ 10 bilhões. De 2009 para cá o maná oficial desceu mais
generosamente dos cofres celestes do Banco Nacional do Desenvolvimento
Econômico e Social, alimentado pelo FAT (o Fundo de Amparo ao Trabalhador,
formado por recursos do FGTS dos assalariados nacionais) e do caixa do tesouro
nacional – dinheiro da viúva, como se diz.
Nesse período, a imprensa e as
elites não pararam de jogar confetes sobre a cabeça coroada de Eike. Afinal,
ele é branco, bonito, atlético, foi por uns tempos marido da beldade Luma de
Oliveira e é de um ramo familiar estrangeiro, contribuição de sua mãe, que lhe
deu o nome nórdico, suposto traço de nobiliarquia.
A lenda, por ele mesmo manobrada,
lhe atribuiu a condição de verdadeiro Indiana Jones brasileiro. Eike começou a
ganhar dinheiro comprando ouro diretamente na fonte, nos garimpos poluidores
dos rincões amazônicos, e revendendo-o nas praças da mercadoria, por preço
muito maior.
Certamente não teria sido mais do
que um esperto atravessador se não contasse com a ajuda – quase sempre
invisível – do pai, o engenheiro Eliezer Batista da Silva, que foi ministro de
minas e energia, chefe da inteligência federal (sob Collor de Mello) e
presidente da Vale, a maior vendedora de minério de ferro do mundo além de se
revelar um gênio na articulação de commodities minerais à logística de
exportação.
Mesmo o “mapa da mina” fornecido
pelo pai não teria sido suficiente para dar a Eike a notoriedade que conquistou
quando começou a galgar os patamares nas relações dos homens mais ricos do
Brasil e, a seguir, do mundo. Quando chegou ao 6º lugar nas listas das revistas
Forbes e Fortune, garantiu que logo ocuparia a posição do mexicano Carlos Slim,
o nº 1 no ranking dos superbilionários mundiais.
Os que acreditam em contos da
carochinha começaram a aguardar por esse dia de glória para os magnatas
nacionais. Foram surpreendidos pela queda vertiginosa de Eike, que nem está
mais na lista dos 100 mais ricos do planeta e deixou de ser o cabeça da corte
brasileira.
Ao longo de 2012, o valor das ações
de suas empresas, que levam um pretensioso X na razão social, caiu mais de 70%.
Neste início de 2012 as perdas foram de mais 30%. A ação da principal empresa,
a OGX, teve desvalorização recorde: em 22 de fevereiro de 2012 ela valia R$
18,18 e, em 11 de março de 2013, claudicava em R$ 2,50.
A dinâmica dos fatos se encarregou
de dar razão aos espíritos de porco que teimavam em dizer que o aventureiro e
especulador Eike Batista levantara castelos de cartas. O jogo era audacioso,
mas simples: montava brilhantes portfólios, contratava gente de valor para
abrilhantar suas cadeias de X e contava com a extrema generosidade do governo,
através do BNDES. Mais do que generosidade: parceria.
O dinheiro jorrou das burras do
banco criado por Getúlio Vargas muito mais do que dos campos de petróleo do
pré-sal que Eike arrematou. O BNDES, como cão de fila do chefe do executivo
federal, foi mais longe do que jogar temerariamente fantásticos volumes de
dinheiro nas empreitadas do bilionário de papel: forçou arranjos para corrigir,
remendar ou dar aparência lógica a projetos desengonçados, que não saem do papel
ou se transformam em garranchos produtivos, econômicos e financeiros.
Um balanço do desempenho no ano
passado mostra que as cinco empresas de capital aberto (a holding é uma firma
limitada) de petróleo, mineração, energia, construção naval e serviços offshore
e logística de Eike tiveram receita líquida de pouco mais de R$ 1,7 bilhão e
prejuízo ligeiramente superior, de quase R$ 1,8 bilhão. Sua dívida já passou de
R$ 16 bilhões. Como o desempenho não é compatível com a dimensão dos seus
encargos, essas empresas sofreram perdas de valor das suas ações que variaram
entre os extremos de 84% e 18% em 2012.
Tecnicamente, a situação dos
empreendimentos de Eike Batista é pré-falimentar, à beira do precipício. A não
ser que haja muito mais coelhos dentro de sua cartola mágica, sua sobrevivência
vai depender do principal sujeito oculto na oração do seu prodigioso
enriquecimento: o próprio governo. No caso da carreira do maior dos bilionários
brasileiros, o personagem atende por dois nomes: Lula e Dilma. Como eles pariram
esse Mateus alourado, agora terão que embalá-lo.
O movimento começou, à moda antiga,
do capitalismo de subvenção e do Estado pronto-socorro. Em 1981 o então todo
poderoso ministro (do general João Figueiredo) Delfim Netto (consultor
econômico de Lula) pegou o telefone e ligou para 23 grandes empresários
brasileiros, todos favorecidos pelo governo, especialmente empreiteiros de
grandes obras.
Queria que eles formassem um
consórcio e assumissem a Jari, a empresa que o milionário americano Daniel
Ludwig instalara na selva amazônica para produzir celulose, arroz e caulim.
Assediado pelos credores internacionais, sobretudo japoneses, Ludwig desistiu
do Jari. Para não estatizar o projeto, financiado pelo BNDES (e depois também
pelo Banco do Brasil), Delfim queria colocar capitalistas brasileiros no lugar
do clone do Tio Patinhas.
Quanto dinheiro tinham que aplicar
no negócio, queriam logo saber os “eleitos”. Ninharia. O governo lhes
repassaria o dinheiro de suas participações em condições mais do que vantajosas.
Eles deviam apenas emprestar seus nomes para afastar a heresia da estatização
do Jari, já que o tesouro nacional era avalista dos empréstimos de Ludwig (ele
não conseguiria tal coisa em seu próprio país, os Estados Unidos).
Um único empresário foi ver o
projeto, que se estendia entre o Pará e o Amapá: Olavo Setúbal, dono do banco
Itaú. Constatou que não era um bom negócio e não entrou (e ficou muito mais
rico desde então). O Jari continuou sangrando dinheiro público, mais do que
meio bilhão de dólares. Sangra até hoje. Eike pode dar origem a uma nova
hemorragia financeira, agora com a marca do PT. O Partido dos Trabalhadores
precisa, no poder em que se refestelou, da legenda de milionários, da sua
serventiay de otras cositas más.
Fonte: Yahoo/Notícias - Blog
do Lúcio Flávio Pinto.
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