Blocos de sujos dos antigos carnavais
P de Ponte, V de Vista
Lembranças de Carnaval
Recordando os bons momentos do carnaval capanemense, os blocos de sujos faziam parte da alegria de foliões, que desfilavam nas ruas, fazendo soar ritmos com apenas toques de varetas de paus, batendo em latas ou outros instrumentos que provocassem barulhos. Os carnavalescos de outrora, vestiam-se com roupas descaracterizadas e colocavam em seus rostos, máscaras feitas de papelão, decoradas com riscos feitos com carvão, na importava a regra. Muitos mascarados permaneciam anônimos, pois ninguém conseguia revelar suas identidades, pelas formas que eles usavam para esconder as fisionomias, atrás dos mais variados tipos de disfarces. Quando se encontravam em grupos, os mascarados faziam evoluções e isso contribuía para o amedronto da criançada que corria sem direção, para não ser alcançada pelos brincantes, sendo que eles não tinham intenções de apavorar as crianças, queriam apenas chamar a atenção.
O tempo foi passando e as coisas mudando. Outros tipos de festejar o carnaval surgiram e então, os blocos de sujos deram lugar aos blocos formados por alegorias e adereços, tudo como manda a tradição. Representantes de bairros de Capanema uniam forças para formar agremiações carnavalescas, com intenções voltadas para desfiles de fantasias e outros tipos de representações. Durante algum tempo, houve concursos entre os blocos carnavalescos, com premiações diversas, mas de um tempo para cá, os abadás ”invadiram” o corredor da folia, para as apresentações dos grupos que desfilam somente para extravasar alegria.
Outros itens que fazem parte do carnaval saudosista, dizem respeito aos bailes de Salões, com as memoráveis festas que eram realizadas no clube Nassau e na ”demolida” Assembléia Recreativa, referenciais dos acontecimentos sociais de Capanema. O Nassau continua com sua estrutura montada, Ainda sediando grandes bailes, mas o carnaval não consta no calendário do clube. As lembranças do carnaval, ainda registram o magnífico concurso de Rainhas, antes com maior glamour, por consequência da rivalidade existente entre as agremiações, que investiam altos valores nos aluguéis das fantasias. Depois que foram feitos ajustes no regulamento do concurso, houve consciência de que não se pode fugir a realidade e as fantasias usadas pelas candidatas ao título de ”Rainhas das Rainhas do carnaval capanemense”, passaram a ser confeccionadas na cidade, oportunizando condições aos estilistas locais.
É bom lembrarmos dos antigos carnavais em que a comunidade se juntava para pular nas ruas, nos salões e até em residências de amigos, para festejar o ”Reinado de Momo”, considerado por muitos, como a época mais alegre do ano. Como vivemos outra realidade, o carnaval passou a ser uma festa dotada de ingredientes tecnológicos que caracterizam a modernidade ao alcance da globalização, mas na contagem do tempo, há quem ainda se manifeste em favor dos carnavais das antigas, reservando-se os direitos de preferências. O carnaval é a festa do povo e por isso, juntar a alegria à felicidade, credencia os foliões a brincarem sem exageros, para que na Quarta-Feira de Cinzas, todos estejam conscientes de que o carnaval deste ano não foi igual ao ano que passou.
*O autor é integrante da Academia Capanemense de Letras e Artes, Titular da Cadeira Nº5.
Edição: Dyah Sousa
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