Colunas e Colunistas - A opinião de Carlos Ferreira
Série C, um inferno sem fim
Apático no primeiro, valente no segundo tempo. Inaceitável conduta do time bicolor na derrota para o América, no Rio Grande do Norte (1 x 2). A vaga na próxima Série B foi entregue de bandeja na primeira metade do jogo. Se fosse valente o jogo inteiro, o Papão teria totais condições de conquistar o acesso, como ficou evidente no segundo tempo.
A Série C é um inferno sem fim para o Paysandu, que vai para a sexta temporada no mesmo sofrimento, numa competição desinteressante, que o clube paga para disputar desde 2007. Um castigo severo demais para um clube de tão grande potencial, mas justificado pelos erros que se repetem a cada ano, com derramamento de dinheiro em contratações mal feitas e amadorismo na mesma proporção da paixão. O acesso seria justo para o que o Paysandu representa com sua torcida e sua história, mas não para o que se faz desse clube. Elenco fraco no primeiro semestre, muitas dispensas e contratações para a Série C, folha salarial além da capacidade financeira do clube, salários atrasados, encrencas, um clube em alto nível de estresse. Isso tudo, por má gestão, levou o Paysandu a mais uma grande frustração, com a permanência da Série C para a sexta temporada consecutiva.
Papão encurralado pela Justiça
No início do mês, o presidente Luis Omar adiantou à coluna que o Paysandu tinha prazo até o feriado do dia 15 para responder a uma proposta do TRT. Ou o Papão aceitaria pagar R$ 50 mil mensais ao Fundo de Conciliação ou voltaria a conviver com bloqueios de receita. Sem resposta, o Tribunal decidiu penhorar todos os patrocínios do Paysandu: R$ 200 mil/mês do Banpará, Yamada, Claro e Cerpa, mais os R$ 690 mil/ano da Funtelpa. A dívida trabalhista do Papão, somente dos processos em execução, está em R$ 4,2 milhões. Esse dado é oficial, do TRT.
Se não reverter o quadro, o Paysandu iniciará 2012 sem fôlego financeiro. Afinal, como também informou o presidente Luis Omar, outras dívidas tiram o sono da diretoria bicolor. Uma delas com quatro amigos do presidente que fizeram empréstimos ao clube. A uma Factoring, o clube está pagando R$ 500 mil em 40 parcelas (dívida reconhecida em 2005). Até dezembro, R$ 30 mil por mês. De janeiro a março, R$ 10 mil mensais. No mês seguinte, R$ 40 mil. A variação vai ser cumprida até a quitação, programada para o final de 2014. E o pesadelo das dívidas parece estar só começando, pela pressão das cobranças, por outras que estão estourando, pelo bloqueio de receitas e pelo mesmo engessamento já experimentado pelo Remo, que está pagando R$ 160 mil na Justiça e não consegue manter em dia a folha salarial atual, que está passando de R$ 50 mil para R$ 70 mil, uma das mais modestas do clube nos últimos 40 anos. Com o bloqueio dos patrocínios, o Papão pode iniciar a próxima temporada mais asfixiado que o Leão.
Carrossel, 16 meses depois da retomada
Julho de 2009. O Remo comemorava a retomada da área do Carrossel, depois de duas décadas dando prejuízos financeiros e morais. Inicialmente, a área seria explorada com um minishoping em parceria com a empresa Gol Store. Depois, entrou no pacote da venda do Baenão. Uma novela que deu em nada. 16 meses depois da retomada, a nobre área de mais de 3,5 mil metros quadrados na Almirante Barroso com Antônio Baena, continua ociosa. O presidente Sérgio Cabeça, que já está chegando à metade do mandato, desde a posse fala em projetos para a exploração da área. Nada além disso.
O Carrossel é um caso emblemático entre os muitos projetos que não avaçaram na vida do Remo nos últimos 16 anos, desde o gracioso Encontro de Reengenharia, realizado pelo clube em 1995. O Remo deve pouco mais de 10% do valor do patrimônio imobiliário, mas não consegue sair do vermelho. O presidente Sérgio Cabeça acredita que pode fechar uma parceria de empreendimento na área do Carrossel capaz de dar antecipação de receita suficiente para tirar o Leão da forca. Está há quase um ano nessas negociações, sem dar explicações. Segundo ele, por sigilo de mercado.
Kombi sem freio
Se o Flamengo em boa fase este ano foi o 'bom sem freio' e o Ceará foi a 'carroça desembestada', a Tuna está na estrada do Parazão como 'kombi sem freio'. Em cinco jogos, três vitórias e dois empates, líder invicta, praticamente classificada para a elite, com 73% de aproveitamento, sob comando de Samuel Cândido.
A kombi é uma alusão ao veículo que dizem comportar toda a torcida tunante. Pois bem! A 'kombi sem freio' segue na estrada, tendo pela frente o Castanhal no próximo domingo e Sport Belém no dia 4 de dezembro.
Fonte: Portal ORM
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