Caderno JC - Link Direto com o Jornal de Capanema

Edição: Paulo Henrique #

Quadro da Aids no Pará “não é preocupante”
“Quanto tempo será que ainda tenho de vida?”. “Por que eu fui escolhido?”. “Como a sociedade vai me encarar a partir de agora”? . Todos esses questionamentos foram feitos pelo jovem J., 24 anos, assim que descobriu ser portador do vírus do HIV, há quatro anos.
Ele conta que desconfiou que tivesse contraído a doença porque começou a apresentar, com frequência, um quadro de gripe forte, acompanhado de diarreia e muita dor de cabeça. “Uma simples gripe virava um transtorno. Parecia que eu estava muito doente”, lembra.
Incentivado por familiares e amigos, ele resolveu fazer o teste para detecção de HIV. “Quando vi a palavra positivo, fiquei desnorteado. A primeira reação que tive foi tentar me matar”. E ele tentou mesmo. “Me joguei na frente de um ônibus, mas ele conseguiu frear e não fui atingido”.
Hoje, J. se considera outra pessoa. “Descobri que sou uma pessoa normal, que tenho sonhos como todo mundo e que se eu me tratar direitinho terei chances de ver meus filhos, meus netos e até meus bisnetos crescerem”, conta.
O jovem faz parte das estatísticas da Secretaria de Estado de Saúde do Pará (Sespa), que mostram 9.428 pessoas infectadas pelo vírus no Pará entre 1985 e 2009. Desse total, 6.030 são homens e 3.398 são mulheres. Ontem, em coletiva realizada para apresentar o cenário epidemiológico da doença no estado, o coordenador do programa DST/AIDS no Pará, Lourival Marsola, afirmou que a situação do Pará, no cenário brasileiro, não é considerada preocupante. “O nosso Estado tem algumas peculiaridades e temos muitos desafios. Mesmo assim, temos um programa de AIDS que funciona e é um dos mais antigos e eficientes do Brasil”.
Os números apresentados mostraram que, dos estados da Região Norte, o Pará é o que tem a maior incidência de casos. Já entre os estados brasileiros, o Pará fica em 14° lugar. Considerando a proporção a cada cem mil habitantes, Ananindeua foi o município brasileiro que teve maior aumento de casos entre 1997 e 2007 - 300%.

PERFIL
Jovens adultos com idade entre 20 e 49 anos continuam sendo o perfil mais comum entre os portadores do vírus. Segundo a Sespa, a taxa de incidência (por 100 mil habitantes) de casos de AIDS notificados no Pará é de 20 homens e 14 mulheres. Marsola disse que a maior incidência continua entre os adultos, que na maioria das vezes, fazem um diagnóstico tardio da doença. “Ainda enfrentamos esse problema. É importante que a pessoa faça o teste. Por esse motivo, temos vários centros de testagem espalhados no Estado. O teste é simples e o resultado sai em menos de 15 minutos”.
Entre as crianças na faixa etária de 0 a 5 anos, o número de casos caiu consideravelmente. Em 2008, a incidência de casos era de 31 crianças infectadas para cada cem mil habitantes. Já em 2009, apenas 9 casos foram notificados.
Mas, quando se fala em número de óbitos, a notícia não é boa. Em 1985, nenhuma morte de pessoas infectadas pelo vírus havia sido registrada. Cinco anos depois, 22 pessoas já haviam morrido. Somente no ano passado, 430 pessoas morreram vítimas do vírus.

DIA CONTRA A AIDS
No dia 1º de dezembro é comemorado o Dia Mundial de Luta Contra a AIDS. A data serve para reforçar a solidariedade, tolerância, compaixão e compreensão com as pessoas infectadas pelo HIV/Aids. A escolha dessa data seguiu critérios próprios das Nações Unidas. No Brasil, a data foi adotada em 1988. Em Belém, haverá atividades na Praça da República, onde será feito gratuitamente o teste do HIV.

CASA DIA
Atende pacientes portadores do vírus HIV em Belém. Há apoio de psicólogos, nutricionistas e clínico geral. Para o atendimento, basta apresentar diagnóstico que comprove que a pessoa é portadora do vírus. Telefone (91) 3236-3155. Endereço: Rua Diogo Moia, nº 1.119 - Umarizal. (Diário do Pará)

Nenhum comentário