Quando estou em Belém, faço minha caminhada matinal na quadra do Museu Emílio Goeldi, respirando a brisa que vem da sua pequena floresta.
No meu retorno para casa, passo sempre em frente ao Posto de Saúde da Avenida Alcindo Cacela, onde um mendigo maltrapilho alimenta vários pombinhos com pedacinhos de pão, que já aguardam por esse momento.
Fico emocionado ao ver esse pequeno gesto traduzir a importância da partilha, onde muitos abastados ainda não aprenderam a praticá-la em função de estarem presos ao egoísmo.
Os animais também são filhos de Deus, precisando se alimentar para poder sobreviver.
Apesar de o pombo ser uma ave domesticada que vive em meio às pessoas, já sabem que naquele horário, o bom mendigo já está lá no mesmo lugar para proporcionar-lhes a primeira refeição do dia.
São Francisco de Assis - protetor dos animais - por certo, se alegra ao ver a atitude desse mendigo, pois garante que o prêmio do céu já está conquistado por antecipação.
Enquanto isso, quanto alimento é desperdiçado e que poderia perfeitamente saciar a fome de muita gente no mundo inteiro.
Por outro lado, se cada um de nós imitasse o exemplo desse mendigo, não faltaria o pão de cada dia na mesa de ninguém.
A nossa humanidade não poderá jamais viver sem a solidariedade. Cada um de nós somos responsáveis uns pelos outros.
Não podemos esperar apenas por ações governamentais. A responsabilidade também é nossa.
O exemplo está no mendigo de Belém. Do pouquíssimo dinheiro que dispõe da caridade humana, divide um pouquinho com esses pequenos pombinhos.
Será que as pessoas que assistem essa cena diariamente não se sensibilizam ao ver a preocupação desse mendigo no combate à fome onde os animais também estão inseridos?
Somente a partilha, a solidariedade, o amor, será capaz de transformar esse mundo hostil em que vivemos.
O mendigo da Alcindo Cacela quer nos dizer que é possível sim erradicar a humilhação causada pela fome. Os pombinhos são testemunhas oculares!
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