Caderno E - Os Bastidores do Futebol
Edição: Paulo Henrique
Remo vence o América e pula para a liderança
A intenção era ganhar e encantar. Não é exagero dizer que 50% do objetivo foi alcançado. O Remo até passou pelo América (AM) por 1 a 0, ontem, não antes de irritar os torcedores ao demonstrar uma fragilidade técnica e tática, principalmente, durante o primeiro tempo. Foi a bola rolar para observar a dificuldade de criação dos meias Canindé e Gilsinho. Ambos se movimentaram, trocaram de posições para combater a retranca do Mequinha do Amazonas. Contudo, não foram eficientes. Por vezes, o esquema implantado por Sérgio Duarte obrigou a composição de espaços com os 11 jogadores no campo de defesa.
Sem a inspiração dos armadores, uma alternativa era esperar o apoio dos laterais. Lima e Marlon também não estiveram bem no apoio. Outra opção era o recuo de Vélber ao setor de meio-campo, mas o Risadinha não conseguiu sair da marcação adversária como nos tempos áureos. No contra-ataque, ainda surgiram sustos do visitante. A trave até salvou o goleiro Adriano. O placar zerado e a produtividade renderam vaias no apito final do primeiro tempo.
Na etapa final, Heliton substitui Canindé e deu um gás ofensivo. Caiu pelas pontas, centralizou e perdeu uma chance claríssima após uma bola parada, executada por Gian. Já o América resolveu acreditar que a vitória era possível. Adiantou a marcação, avançou os laterais e, por pouco, não foi premiado. Dessa vez, o goleiro Adriano foi salvo pelo travessão. No lance, ele chegou a agradecer a apontar os dedos aos céus após a pouca eficiência do centroavante Charles.
Para a felicidade dos papais azulinos, o Leão foi mortal na resposta. Frio e calculista, Heliton inaugurou o marcador. Com o placar favorável e numa tarde pouca inspiração, era prudente valorizar o sistema de defesa. Sérios, os zagueiros Pedro Paulo e Ênio evitaram expor a meta de Adriano e concluíram a tarefa de assegurar mais três pontos.
Giba confia na melhora do rendimento
O treinador do Remo, Giba, defendeu a atuação da equipe. Na condição de líder do grupo, destacou um aspecto par a construção da vitória, que rendeu oito pontos em quatro jogos e, de quebra, a liderança do grupo A. “Me agradou a persistência. O adversário tornou o jogo difícil”, enfatizou.
A ressalva inicial deu o tom a sequência da sua coletiva à imprensa. “Tenho plena consciência de tudo o que precisa ser feito”, garantiu ao analisar os problemas detectados. “No tempo correto, vamos melhorando. Vamos melhorando o desempenho jogo a jogo. Tínhamos previsão disso”, afirmou sobre o rendimento abaixo do esperado.
Como argumento, Giba citou detalhes do planejamento de ordem física do clube. “Temos que considerar a adaptação de jogadores que vieram de São Paulo. Tem a questão da temperatura, da umidade”, citou, lembrando que a melhor partida azulina ocorreu contra o Cametá, na noite de uma segunda-feira. Respondendo a críticas sobre o aproveitamento tímido do ataque, o treinador disse que espera a evolução do setor de criação e ainda descartou a contratação do meia Isaías, destaque do Remo em 2006 e que estava no Mangueirão ontem. “Temos o Heliton, o Landu. Temos jogadores com características parecidas com as dele. Não adianta trazermos jogadores assim”.
Já no final das conversas com os repórteres, deu uma garantia. “Nós vamos subir o Remo, não sou político, não de promessas. Mas é que acredito no trabalho desenvolvido”.
Heliton tenta retomar seu espaço no time
Um tempo de ostracismo e o banco de reservas. Para piorar, uma lesão, os dias no departamento médico, distante dos treinos com bola. Foi um episódio um pouco dramático vivenciado pelo atacante Heliton. Ao ser acionado por Giba como uma opção para salvar o Remo de um tropeço no Mangueirão, ele poderia atuar de forma insatisfatória. Ele poderia justificar citando um propalado argumento de boleiros, “falta ritmo de jogo”. Por sorte e por competência, sobretudo, nada disso ocorreu. Heliton fez um gol, poderia ter feito outro e ter se isolado na artilharia de um time, com dificuldades ofensivas. Números que ganham força, principalmente, considerando o fato de ter atuado por em aproximadamente 48 minutos. Foi a sua estréia na Série D do Campeonato Brasileiro.
No discurso de comemoração, o atacante fez questão de citar o pai. “Foi uma homenagem ao meu pai e a todos os pais do Remo”. Crítico, assegurou que precisa evoluir. “Tenho que melhorar para seguir adiante com mais tranqüilidade”, frisou. O garoto de 21 anos também se esquivou de pressionar a comissão técnica, exigindo a titularidade. “Espero que sim, mas quem decide é o professor. Eu quero ajudar da melhor maneira possível, atuando pelas beiradas”.
De fato, Heliton se credenciou a um dos principais concorrentes ao posto do titular Landu, que machucado, assistiu o jogo das cadeiras do estádio e, solícito, tirou fotos com fãs. (Diário do Pará)
Cametá vence o Cristal na estreia de Fran Costa
A estreia que o técnico queria. A vitória que a torcida queria. O Cametá que enfrentou o Cristal, ontem, no Parque do Bacurau, não deu sopa para o azar. Depois de sofrer duas derrotas nessa Série D, as duas de virada, o Mapará soube fazer valer sua vantagem ao sair na frente e segurar o resultado. Três pontos muito bem-vindos na tabela e que deixam em aberto o Grupo 1 após quatro rodadas.
Com o técnico Fran Costa estreando no comando da equipe dois dias após tê-la assumido, o Cametá mostrou que a troca de comando foi uma injeção de ânimo. Quase retardatários na corrida pela classificação, os cametaenses mostraram um pique excepcional para atropelar e ultrapassar o Cristal. Dois gols ainda no primeiro tempo deram a vitória ao Mapará.
Precisando vencer, o Cametá foi logo pra cima e aos 10 minutos o atacante Leandro Cearense abriu o placar. Depois de receber passe na entrada da área, tocou a bola pro fundo das redes com categoria, na saída do goleiro. O gol aumentou ainda mais a confiança da equipe, que trabalhava bem a bola. Em uma dessas boas tramas, Marçal e Balão tabelaram bem e a bola chegou para Diego Silva fazer o segundo.
Depois do intervalo, com a vantagem debaixo do braço, o time do técnico Fran Costa soube segurar o ímpeto adversário e impedir qualquer reação. Com a vitória sacramentada, o Cametá fica a um ponto do América-AM e também da zona de classificação para a segunda fase. Na próxima rodada, o confronto direto com o diabo amazonense pode consolidar a reação paraense. “Precisávamos dessa vitória e isso nos coloca de volta na briga por uma das vagas. Nós vamos pra cima, mesmo jogando fora de casa”, garantiu o técnico. (Diário do Pará)
Empate não ajudou Rio Branco e São Raimundo
Em um jogo onde ninguém poderia sair derrotado, Rio Branco e São Raimundo tiveram a chance de sair com a vitória da Arena da Floresta, mas o empate acabou deixando os dois times praticamente na mesma: brigando por pontos para fugir da última colocação e do consequente rebaixamento. Prejuízo maior para o São Raimundo, que sofreu o golpe fatal no último lance do jogo.
Enquanto os donos da casa apostaram em três atacantes, o São Raimundo optou por três zagueiros, priorizando a defesa para então explorar os contra-ataques. A tática do estrelão foi a primeira a dar certo: Testinha tabelou com Juliano César para abrir o placar e, menos de cinco minutos depois, a vantagem foi ampliada por Marcelo Maciel que em jogada individual mandou para as redes alvinegras. Mas os alvirrubros bobearam na defesa e Branco, de cabeça, diminuiu a diferença antes do intervalo.
No segundo tempo, Válter Lima apostou em Flamel e foi do jogador o chute defendido por Marcelo Cruz que terminou nos pés de Branco. Se o empate parecia um bom resultado, Michel o tornou excelente ao virar o jogo. Mas os alvinegros não souberam se defender do ímpeto e da malandragem do Rio Branco, que aos 49 do segundo tempo cavou um pênalti e a expulsão do zagueiro Filho. Marcelo Maciel cobrou bem pra fazer o terceiro dos donos da casa e dar números finais ao jogo.
Após o apito final, os jogadores e o técnico do São Raimundo reclamaram bastante da arbitragem de Arnoldo Figarela. “Um jogador do Rio Branco empurrou o Filho e ele acabou batendo com a mão na bola”, disparou o goleiro Labilá. “Ele (árbitro) deixou o tempo passar muito e eles (Rio Branco) ficaram jogando a bola na área, parece que premeditando o lance (do pênalti)”, concluiu o técnico Válter Lima. (Diário do Pará)
Atacante Moisés coloca o Paysandu na Justiça
O empate com o Fortaleza no fim de semana fora de casa, poderia ser o assunto da semana entre os bicolores. Ledo engano. O pontinho que garante a liderança na chave A da Série C foi ofuscado por uma notícia que caiu como uma bomba no ambiente bicolor: a reclamação trabalhista de Moisés, que pede rescisão contratual do Paysandu, sob a alegação de que o clube não recolhe o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e demais contribuições previdenciárias do atleta. A intenção seria conseguir a liberação para que Moisés seja observado no Santos (SP), que tenta seu empréstimo.
Moisés declarou diversas vezes à imprensa que gostaria de ir para o Santos, mas teve o desejo vetado pelo presidente do Paysandu, Luiz Omar Pinheiro, que chegou a declarar que a proposta, R$ 100 mil, seria irrisória. A ação tramita no Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região e só foi conhecida pelo cartola, pouco antes do jogo de sábado.
“Como presidente me sinto traído com o teor da petição. Diz que o Paysandu é um clube avacalhado, um time amador, mas foi esse time que tirou o Moisés da lama. O Paysandu vai ganhar, porque paga tudo”, garante. Luiz Omar afirma que agora vai liberar o jogador para ser emprestado ao Santos ou Paraná Clube, mas avisa que haverá retaliação, promete colocar Moisés para treinar às duas da tarde, diariamente, junto com outros jogadores que também teriam assinado procurações com o mesmo objetivo, seriam Jenison e o zagueiro Thiago.
“Eu vou emprestar, até por que ele está sem clima na Curuzu. O Moisés desrespeitou a presidência, as cores azul e branca. Se eu soubesse ele não tinha ido para Fortaleza, o Paysandu já fez três partidas maravilhosas sem ele. O Paysandu não vai fechar as portas se ele for embora”, conclui Luiz Omar.
Advogado reafirma débito do time bicolor
O representante da empresa que agencia a carreira de Moisés, Emerson Dias, explica que a decisão de impetrar a reclamação trabalhista partiu do setor jurídico da empresa a qual está vinculado e preferiu não se manifestar sobre o assunto.
“Não posso responder por isso, a empresa tem o setor jurídico que responde”, explicou. A reportagem do Bola conversou por telefone com um dos advogados que assina a reclamação, Daniel Sena de Sousa. Ele garante que o Paysandu não recolhe as contribuições previdenciárias de Moisés e afirma que o jogador tem ciência de todo o processo.
“Nós entramos com a ação porque desde 2007, quando o Moisés foi contratado a primeira vez, o clube não deposita o INSS e o FGTS. Obviamente o Moisés está ciente da ação, ele sempre manteve contato por telefone para saber, mas, como profissional, ele tem que cumprir com suas obrigações de funcionário”, reitera, esclarecendo a ida do atleta para jogar em Fortaleza, no sábado, com o time bicolor. (Diário do Pará)
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