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Atualização às 16h45m de quinta-feira, 17 de junho de 2010.
Edição: Paulo Henrique, Paulo Vasconcellos e André Melo.

Grécia quebra o jejum de gols em Copas e bate a Nigéria de virada

Salpingidis balança a rede para os gregos pela primeira vez em Mundiais, e Torosidis completa a vitória que embola a luta pela segunda vaga no Grupo B

Por GLOBOESPORTE.COM

Bloemfontein, África do Sul

Fazer um gol em Copa não é exatamente uma tarefa das mais simples. A Grécia que o diga. Após passar seus quatro jogos anteriores em Mundiais num jejum de dar gosto, os helênicos ainda saíram perdendo para a Nigéria nesta quinta-feira e pareciam condenados a esticar a seca. Aos 44 minutos do primeiro tempo em Bloemfontein, o cenário mudou. Foi de Salpingidis, atacante de 28 anos, o chute forte que desviou no zagueiro, matou o goleiro e foi cair direto nos livros de história do futebol grego. Como se não bastasse, o time de branco ainda resolveu fazer outra coisa que nunca tinha feito: vencer o jogo. Em uma virada que parecia improvável, a equipe bateu os africanos por 2 a 1 e embolou a luta pela segunda vaga no Grupo B.

O goleiro-herói Enyeama, que vinha tendo mais uma atuação espetacular, bateu roupa no gol da virada grega e deixou o campo do estádio Free State aos prantos. Outro vilão nigeriano foi Kaita, expulso de forma infantil ao tentar agredir um rival ainda no primeiro tempo. O gol de Uche, que abriu o placar aos 15, acabou se tornando inútil depois que Salpingidis fez o seu e Torisidis fechou a tampa aos 26 da segunda etapa. Quando o colombiano Oscar Ruiz apitou o fim do jogo, os gregos se jogaram no chão, de joelhos, cientes do caráter histórico da vitória.

O herói helênico: Salpingidis festeja - e muito - o primeiro gol da Grécia em Copas do Mundo (Foto: AP)A Argentina lidera a chave com duas vitórias e seis pontos. Gregos e sul-coreanos têm três cada, e a Nigéria ainda não somou pontos. Ainda assim, a equipe africana mantém um fio de esperança na classificação, mas precisa vencer a Coreia do Sul na terceira rodada e torcer por uma derrota grega para a Argentina. Os dois jogos estão marcados para o dia 22, às 15h30m (20h30m de Joanesburgo).

O jogo

Parecia uma espécie de “lei da quinta-feira”. Assim como tinha acontecido com Argentina e Coreia do Sul no primeiro jogo do dia, Nigéria e Grécia não fizeram nada nos primeiros 15 minutos da partida. Em compensação, a primeira boa chance de gol já balançou a rede. A rigor, nem chegou a ser uma chance, e sim um golpe de sorte dos nigerianos.

Uche cobrou uma falta de longe e mandou a bola para a área. Odemwingie subiu para cabecear, mas não alcançou a bola, que passou direto, enganou o goleiro Tzorvas e foi morrer no fundo do gol, aos 15.

Da comemoração de Uche ao próximo momento relevante da partida, houve um longo e monótono salto de 17 minutos. Aos 32, Torosidis protegia uma bola que ia saindo pela lateral, quando Kaita chegou por trás. Sem motivo, já com o jogo parado, o nigeriano empurrou o rival e tentou chutá-lo. Oscar Ruiz não pensou duas vezes e tirou do bolso o cartão vermelho.

Kaita se ajoelhou e levou as mãos à cabeça, como se previsse o que aconteceria em seguida: uma blitz grega até o fim do primeiro tempo. O técnico Otto Rahhagel tirou o volante Sokratis e mandou o time para a frente com Samaras. Com mais volume de jogo, as chances apareceram.
Envergonhado, Kaita deixa o jogo após ser expulso: com um a menos, a Nigéria sofreu a virada (Foto: AFP)Fazer o primeiro gol de um país na história das Copas do Mundo não é algo que se resolva como se fosse uma pelada de fim de semana. Então, para começar o abafa, Karagounis tocou pra Katsouranis que, de primeira, deixou Salpingidis na cara do gol. Foi a primeira chance dele, mas o goleiro salvou aos 39. Na sobra, Gekas chegou para chutar, mas Shittu cortou mandando para o alto. A bola foi cair perto do travessão, assustando Enyeama.



Aos 40, mais uma tentativa. Samaras recebeu cruzamento sozinho na pequena área e pegou meio torto. Foi o suficiente para tirar o goleiro, mas Haruna apareceu para salvar em cima da linha.



A trajetória grega em Mundiais só foi mudar aos 44 minutos. Katsouranis – sempre ele – recebeu na área e recuou com açúcar para Salpingidis. O camisa 14, que começou a competição na reserva, chutou forte. Só isso? Nada. Haruna, que tinha sido o salvador quatro minutos antes, virou um vilão involuntário. A bola desviou nele e matou Enyeama. Tudo igual no placar, primeiro gol da Grécia em Copas.



Virada no segundo tempo





Na volta para o segundo tempo, com um a mais, os gregos mantiveram a pressão, mas sem assustar de fato a defesa africana. Aos oito, Taiwo deixou o campo com uma lesão na virilha e deu lugar a Echiejile.



No intervalo de apenas um minuto, cada seleção teve sua grande chance de mexer no placar. Primeiro, Gekas chutou sozinho na pequena área, e Enyeama operou o milagre. Na sequência, a Nigéria partiu voraz para o contra-ataque. Yakubu bateu cruzado, Tzorvas fez grande defesa, e a bola sobrou limpa para Obasi empurrar para o gol. Quer dizer, ele deveria ter empurrado para o gol. Mas se enrolou todo e mandou para fora uma chance de ouro.



Aos 22, a Grécia chegou de novo. Samaras subiu mais que todo mundo no meio da área e cabeceou. A bola tinha endereço certo, mas no meio do caminho estava, para variar, Enyeama, com mais uma defesa extraordinária.



Quatro minutos depois, contudo, o paredão nigeriano passou de herói a vilão. Tziolis arriscou o chute forte de fora da área, e Enyeama não conseguiu segurar a Jabulani. Bateu roupa, e a bola sobrou redonda para Torosidis carimbar. Virada e euforia helênica nas arquibancadas: 2 a 1.



Ainda faltavam uns 20 minutos para sacramentar a primeira vitória em Mundiais, mas os gregos queriam evitar surpresas no fim. Continuaram em cima, perdendo uma chance atrás da outra. O placar, no entanto, não mudou mais. E nem precisava. Para quem perseguia tanto um golzinho e uma vitória em Copas, já era muito mais que o suficiente.

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