ESPECIAL COPA DO MUNDO 2010 - Notícias, Fatos e Fotos.
Edição: Paulo Henrique
Gana põe fim ao sonho americano e mantém viva chama africana na Copa
Após altos e baixos das duas equipes e empate por 1 a 1 no tempo normal, atacante Gyan faz o gol da classificação ganesa na prorrogação
Por GLOBOESPORTE.COM
Rustemburgo, África do Sul
A primeira Copa do Mundo disputada na África tem um representante do continente na fase de quartas de final. Gana derrotou neste sábado os Estados Unidos por 2 a 1, no estádio Royal Bafokeng, em Rustemburgo, e garantiu um lugar entre as oito melhores seleções do Mundial. O triunfo foi suado, conseguido apenas na prorrogação. Kevin-Prince Boateng pôs os africanos em vantagem, mas Donovan, de pênalti, garantiu a igualdade nos 90 minutos iniciais. No tempo-extra, Gyan marcou e garantiu a vitória de Gana.
Pela terceira vez na história uma seleção africana chega às quartas de final de uma Copa do Mundo. Gana tem agora a missão de ir além, já que Camarões, em 1990, e Senegal, em 2002, foram eliminados justamente quando estavam entre os oito melhores do Mundial. Para isso, os ganeses terão que derrotar o Uruguai, na próxima sexta-feira.
Sob olhares do ex-presidente Bill Clinton, do astro da NBA Kobe Bryant e do Rolling Stone Mick Jagger, os Estados Unidos mostraram uma vez mais o poder de reação, usual na primeira fase da Copa. Mas a torcida VIP americana acabou indo para casa decepcionada.
Gana começa com tudo
A seleção de Gana apostou num esquema com três zagueiros que acabou por funcionar muito bem no início do jogo. Com a marcação encaixada, o time africano pressionou a saída de bola dos americanos e dominou amplamente a primeira metade da etapa inicial.
Bill Clinton e Kobe Bryant: sorrisos antes do jogo, eliminação após o apito final (Foto: Getty Images)Kevin-Prince Boateng, que ficou famoso por tirar Ballack da Copa (deu uma entrada violenta no alemão durante a final da Copa da Inglaterra, entre Chelsea e Portsmouth), enfim teve um pouco mais de liberdade para trabalhar e não decepcionou. Escalado quase que como volante nos primeiros jogos de Gana, o meia-atacante, que é nascido na Alemanha, apareceu diversas vezes como homem-surpresa no ataque.
Boateng comemora primeiro de Gana (Foto: Reuters)Foi com Boateng, inclusive, que Gana abriu o marcador logo aos 5 minutos. O jogador tomou bola de Clark no círculo central e arrancou em direção à área americana. Pouco antes de entrar na zona perigosa, Boateng soltou uma bomba rasteira, no canto direito, e não deu chances ao goleiro Howard.
O gol fez mal aos Estados Unidos, que acusaram o golpe. Boateng, em novo chute de fora da área, deu trabalho a Howard mais uma vez, enquanto Gyan, de falta, esteve perto de ampliar, aos 17 minutos.
A equipe americana só conseguiu encaixar um ataque de razoável perigo aos 22 minutos. Bradley recebeu no lado esquerdo da área, foi ao fundo e cruzou para o meio. O goleiro Kingson defendeu.
Substituição aos 30 do primeiro tempo equilibra as ações
Preocupado com o mau desempenho do volante Clark e com o fato de o jogador já ter levado um cartão amarelo, o técnico Bob Bradley sacou o camisa 13 ainda aos 30 da etapa inicial. Edu entrou em seu lugar e melhorou ligeiramente a atuação dos EUA. O time teve enfim uma grande chance com Findley, aos 34, mas o atacante entrou livre e chutou em cima do goleiro Kingson.
Jonathan Mensah, de Gana, salta para disputar jogada com o americano Altidore (Foto: Reuters)No intervalo, Bob Bradley fez nova substituição: saiu o atacante Findley e entrou o meia Feilhaber, brasileiro naturalizado. Com características de jogar mais pelos lados do campo, Feilhaber mostrou ao que veio logo no primeiro minuto da etapa final. Após receber passe de Altidore, o camisa 22 entrou na cara de Kingson e bateu na saída do goleiro, que fez milagre para evitar o empate.
Etapa final é dominada pelos americanos
A exemplo do que fez Gana no primeiro tempo, os Estados Unidos adiantaram a marcação no segundo e passaram a dominar o jogo. Os africanos optaram por uma postura mais retraída, para explorar os contragolpes, e os Estados Unidos passaram a ter mais a bola e a pressionar em busca do gol de empate.
Donovan vibra com empate dos EUA (Foto: EFE)Aos 17 minutos, enfim o placar ficou novamente igual. Dempsey recebeu na intermediária e deu uma caneta em John Mensah. O camisa 8 dos Estados Unidos penetrou na área e foi derrubado por Jonathan Mensah. Pênalti, que Donovan bateu deslocando o goleiro para empatar o jogo (a bola ainda bateu na trave antes de entrar).
A partida seguiu melhor para os americanos após o empate. O time continuou mais perigoso e voltou a ameaçar aos 23. Altidore foi lançado em profundidade e entrou de cara com o goleiro Kingson. O ganês saiu muito bem, de carrinho, e afastou o perigo de forma limpa, sem cometer novo pênalti.
O técnico Rajevac tentou mudar a cara do time de Gana com a entrada de Addy, meia, na vaga do ala Sarpei. Mas os americanos seguiram bem postados em campo e continuaram comandando as ações no jogo. Altidore teve mais uma chance, no mano a mano, mas chutou para fora, rente à trave esquerda do goleiro Kingson.
Sentindo o esforço que fez para buscar o empate, o time americano tirou o pé do acelerador. Gana melhorou ligeiramente, mas a partida foi mesmo para a prorrogação.
Gyan resolve a parada
No tempo-extra, os Estados Unidos mexeram no ataque. Altidore saiu para a entrada de Gomez. Mas foi Gana quem balançou a rede. Aos 3 minutos, Ayew fez lançamento longo para Gyan. O atacante ganhou no corpo a corpo com Bocanegra e fuzilou o goleiro Howard: 2 a 1.
Gyan bate e o goleiro Howard não consegue a defesa: é o gol da vitória de Gana (Foto: Getty Images)Na raça, os Estados Unidos se mandaram em busca de uma nova igualdade. Aos seis minutos, Feilhaber por pouco não empatou, com uma bomba que desviou em Ayew e foi para escanteio.
Os americanos não se entregaram e seguiram tentando o empate até o fim. Nos contragolpes, os africanos não deixaram de buscar o ataque. O tempo passou, o placar seguiu sem alterações, e ao fim de 120 minutos os Estados Unidos foram até com o goleiro Howard para a área. Mas Gana se segurou e fez a festa africana em Rustemburgo.
Com dois gols de Suárez, Uruguai bate a Coreia do Sul e vai às quartas
Atacante chega à artilharia do Mundial, com três gols, e põe a Celeste entre as oito melhores seleções da Copa do Mundo pela primeira vez desde 1970
O Uruguai fez história neste sábado. Após 40 anos, a Celeste volta a figurar entre as oito melhores seleções do planeta. Com uma vitória sofrida de 2 a 1 sobre a Coreia do Sul, em Porto Elizabeth, o time - com a velha fibra que lhe é característica - chegou às quartas de final da Copa da África do Sul. Os gols que colocaram os sul-americanos na próxima fase do torneio foram marcados pelo atacante Luis Suárez. No primeiro, ele contou com uma senhora ajuda do goleiro Jung Sung Ryong. No segundo, anotou uma pintura sem chances para o arqueiro rival.
Agora, o Uruguai, que não passava das oitavas de final desde o Mundial de 1970, espera o vencedor do duelo entre Estados Unidos e Gana que ainda se enfrentam neste sábado, às 15h30m (20h30m no horário sul-africano).
Coreia assusta, mas goleirão vacila
Apesar de entrar com uma formação um tanto defensiva, com cinco homens no meio de campo e apenas um na frente, a Coreia do Sul começou a partida partindo para cima do Uruguai. Aos três minutos, Maxi Pereira fez falta em Park Ji Sung na entrada da área. Na cobrança, o atacante Park Chu Young, que fora elogiado pelo técnico Oscar Tabárez na véspera do duelo, carimbou a trave direita de Muslera.
Suárez festeja o primeiro gol do Uruguai na vitória contra a Coreia do Sul por 2 a 1 em Porto Elizabeth
A Celeste respondeu logo em seguida com um chute de primeira de Forlán. O goleiro Jung Sung Ryong agarrou firme. No entanto, aos sete minutos, o arqueiro mostrou que não era assim tão confiável e falhou feio em um cruzamento rasteiro e despretensioso de Forlán. Sem ter nada a ver com isso, o artilheiro Luis Suárez, completamente sozinho, abriu o placar no estádio Nelson Mandela Bay.
O erro de Jung Sung abalou os sul-coreanos, que passaram a errar passes fáceis e tentar bolas longas contra a bem postada defesa rival. Os uruguaios, por sua vez, com a vantagem no marcador, atuavam com absoluta tranquilidade.
A prova da segurança sul-americana foi que somente aos 31 minutos a Coreia voltou a chegar com perigo, e mesmo assim em um chute de fora da área. Após jogada iniciada por Park Ji Sung, o atacante Park Chu Young arrematou de canhota em lance que assustou o goleiro Muslera. A dupla de “Parks” era a única que conseguia, um pouco, incomodar a zaga comandada pelo ex-são-paulino Diego Lugano.
Maxi Pereira tenta, mas coreano corta com a mão
Ki Sung Yueng bloqueia o chute de Maximiliano Pereira
Pouco antes do término do primeiro tempo, Suárez teve chance de ampliar em um dos vários contra-golpes puxados por Forlán. Mas o meia Ki Sung Yueng, usando uma das mãos, chegou a tempo de travar o chute do lateral Maxi Pereira que chegou de surpresa no ataque. O juiz alemão Wolfgang Stark ignorou o toque e não marcou o pênalti.
No segundo tempo, o técnico Oscar Tabárez arrumou dois problemas: Godín, que voltou a sentir problemas estomacais, deu lugar a Victorino. O outro foi o gramado que, criticado pelo treinador uruguaio no dia anterior, dava sinais de desgaste, ainda mais com a chuva que desabou em Porto Elizabeth após o intervalo.
Coreia do Sul pressiona
Nas arquibancadas, os sul-coreanos, mais organizados e na maioria entre os pouco menos de 30 mil espectadores presentes, tentavam incentivar sua seleção, que ameaçou aos quatro em um bom cruzamento do lateral Lee Young Pyo cortado por Fucile na pequena área. Na sequência, Park Chu Young, sozinho na grande área, desperdiçou uma oportunidade clara de empate.
Empolgados, os sul-coreanos ditavam o ritmo, encurralando a Celeste em seu campo de defesa. Ao contrário do primeiro tempo, Forlán e Suárez não conseguiam organizar contra-ataques nem prender a bola no campo adversário. Ji Sung Park, aos 13, teve nova chance. Mas sua cabeçada acabou sendo defendida por Muslera.
Abafa e empate
Vendo que sua equipe estava com o total controle da partida, o técnico Huh Jong Moo ousou e sacou o meia Kim Jae Sung e colocou mais um atacante: Lee Dong Gook.
Lee Chung-Yong empata, de cabeça, para a Coreia
do Sul em falha do goleiro Muslera (Foto: Reuters)E a substituição acabou surtindo efeito. Com um homem mais na frente, a Coreia do Sul, na base do abafa e fazendo jus ao apelido de “Guerreiros Taeguk”, chegou à igualdade aos 23 com Lee Chung Yong, de cabeça, após um lance mal cortado pela, até então, invicta defesa uruguaia, que acabou sofrendo seu primeiro gol no Mundial. Um minuto depois, o camisa 17 teve excelente oportunidade de fazer o segundo, mas acabou chutando em cima do arqueiro uruguaio.
A resposta sul-americana veio somente aos 27. Suarez, aproveitando uma linha de impedimento mal executada pela defesa rival, chutou cruzado para boa defesa de Jung Song Ryong.
Golaço de Suárez
Eliminado, o coreano Park Ji Sung deixa o campo com
uma camisa do Uruguai nas mãos (Foto: Reuters)O lance despertou a Celeste, que, debaixo de muita água, passou a agredir mais os sul-coreanos em busca da vitória ainda no tempo normal. E a recompensa não demorou a chegar. Aos 30, Luis Suarez fez jogada individual pela esquerda e bateu com efeito no ângulo oposto de Jung Sung Ryong. O goleiro se esticou todo, mas em vão. 2 a 1 para o Uruguai em um golaço de Suárez, novo artilheiro do Mundial ao lado de David Villa, Vittek e Higuaín, com três gols.
Aos 42 minutos, a Coreia assustou os uruguaios com um chute cruzado de Park Chu Young, que passou por baixo do goleiro Muslera. Lugano, bem posicionado, salvou o gol de empate e a vaga uruguaia. Nos minutos finais, com muita garra e aplicação tática, os sul-americanos garantiram presença entre as oito melhores seleções do Mundial da África do Sul.
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