Colunas & Colunistas - A Opinião de Carlos Ferreira

Atualização às 13h10m de quarta-feira, 16 de junho de 2010.
Edição: Paulo Henrique e Paulo Vasconcellos.

Uma Seleção de futebol ultra secreto

Três treinos secretos na África do Sul e futebol ultra secreto quando deveria honrar a tradição brasileira. A Seleção de Dunga foi burocrática, apagada e insossa na magra vitória sobre a Coréia do Norte, por 2 x 1. Apesar de tudo, não a Seleção não me decepcionou. Foi a confirmação do que escrevi na edição de ontem, alertando para as imensas dificuldades que o Brasil teria para furar a esperada retranca norte-coreana.

Como na fase das eliminatórias, quando se enrolou em casa diante de Bolívia, Venezuela e Colômbia, a Seleção Brasileira iniciou a Copa sem dinâmica nem recursos táticos suficientes para sair de uma marcação compacta. É uma equipe vocacionada para os contra-ataques. Isso significa que a tendência é o Brasil seguir aos trancos e barrancos para crescer à medida que encontrar adversários que o ataquem. Está desenhada uma trajetória de fortes emoções, com irritação e alívio. A Seleção de Dunga vai confirmando suas semelhanças com a Seleção de Parreira campeã em 1994.
Defesa, o ponto crítico dos times paraenses

Os números do campeonato estadual denunciam o sistema defensivo como ponto crítico dos times paraenses que vão disputar as Séries C e D do campeonato nacional. Remo (34 gols, média de 1,7 por jogo), Paysandu (30, média de 1,5) e Águia (29, média de 1,52)) encerraram a campanha entre as quatro defesas mais vazadas. Pior somente o Ananindeua, que tomou 37 gols em 14 jogos. O São Raimundo tomou 24 gols, média de 1,6. O Cametá teve a defesa menos vazada do Parazão, e assim mesmo tomou 19 gols, média de 1,26.

Para quem diz que o Campeonato Paraense não é parâmetro para o Brasileiro, os números são ainda mais significativos. Afinal, um serviço defensivo ineficiente no estadual não pode ser confiável no nacional. Esses dados expressam a missão dos técnicos Giba, Charles Guerreiro, João Galvão, Valter Lima e Mário Henrique. Ou superam a vulnerabilidade ou os clubes pagam o preço nas Séries C e D, que são competições de fases em grupo e “mata mata”, onde a competência defensiva é fundamental.

No Remo, Giba parece apostar alto nos reforços Ênio (zagueiro) e Júlio Bastos (volante), além de uma mudança geral na marcação. No Paysandu, Charles terá as mesmas peças e precisa criar formas de dar consistência ao time. É o mesmo caso de João Galvão no Águia. Valter Lima e Mário Henrique trabalham com ampla reforma de elenco no São Raimundo e no Cametá, reformatando seus times.

“Façam o que eu digo, não façam o que eu fiz”

Falando como gerente geral do futebol bicolor, Didi tem discurso perfeito. Todas as ideias são coerentes, em cima de necessidades crônicas do Papão para a sonhada organização das atividades e das relações profissionais na Curuzu. Contudo, Didi poderia iniciar a tal cartilha de conduta por uma frase emblemática: “façam o que eu digo, não façam o que eu fiz”.

Como jogador, ganhando o segundo maior salário do clube, Didi não entrou em forma em seis meses de trabalho, resumiu sua produtividade a 45 minutos do Re-Pa em que fez dois gols na decisão do primeiro turno. Além desses, fez apenas mais um. Dividiu-se entre o departamento médico e o banco de reservas. E o pior: cometeu grave indisciplina recusando-se a ficar na reserva de Bruno Rangel no jogo contra o Palmeiras em Belém. O histórico não o referenda, mas também não o impede de ser um bom gerente, desde que sua conduta como jogador do clube não sirva de exemplo.

Adriano com a chance de coroar o currículo

Embora reconhecido como o melhor goleiro do futebol paraense nos últimos cinco anos, Adriano carrega a maldosa pecha de “pé frio” por conta dos rebaixamentos do Remo e de insucessos no Águia e no Parauapebas. Aos 34 anos (completa 35 em setembro), o goleiro remista terá na Série D a melhor oportunidade para coroar o currículo e se colocar gloriosamente na história do clube, com a justiça de quem tem sido tão competente nas atuações quanto infeliz nos resultados.

BAIXINHAS

* Média de idade do time do Remo vai continuar na faixa dos 29 anos. Raul (21 anos), Marlon (24) e Danilo (24) são as exceções num time de “trintões”. Fisiologista Erick Cavalcante e o preparador físico José Jorge terão que executar os trabalhos em condições especiais.

* Bem que Giba queria reforços na faixa dos 24 anos para rejuvenescer o time. Mas, desinteressante como o clube está no mercado, na Série D, o Remo não pode ser seletista. Ou investe em jogadores pré-bengala ou pós-fraldas. É a mesma dificuldade dos outros clubes expressivos da quarta divisão.

* Aldivan com duplo discurso. Em Marabá garante que vai cumprir o contrato com a Águia até novembro. Em Belém namora o Paysandu, manifestando todo interesse em voltar a vestir alviceleste na Série C. O atleta está curtindo folga junto aos familiares em Santa Inês/MA.

* Paysandu prometendo novas melhorias no estádio da Curuzu, com mudanças na iluminação e nos bancos de reservas. A reforma do gramado não deverá passar de “meia sola”, pela falta de tempo para serviço completo.

* Tribunal de Justiça Desportiva vai ganhar novo presidente na próxima segunda-feira. O atual vice, Antônio Brito, é candidato único. Mais do que nunca o TJD precisa de uma disputa que implique em debate, depois da horrorosa atuação que teve no campeonato estadual.

* Chegada do volante/meia Paulo de Tárcio dando a opção que Valter Lima queria para o meio de campo do São Raimundo. O maior beneficiado deverá ser Michel, com maior liberdade para avançar. Na zaga, Preto Barcarena e Preto Marabá formam uma dupla intermunicipal.

* Mário Henrique vai investir na aplicação tática para levar o Cametá ao sucesso na Série D com um time modesto, quase todo regional, mais barato que o time do primeiro semestre. Luis Carlos Trindade, que completa 40 anos em agosto, será a figura central do time cametaense.

* Levantar o moral do atacante Helinton, 21 anos, é uma das prioridades de Giba. O atleta viveu dias de glória no primeiro turno e murchou no segundo turno estadual. Agora está sendo trabalhado em todos os aspectos para voltar a brilhar na Série D.

* Thiago Potiguar curtindo tratamento de celebridade em Currais Novos, sua cidade natal, no Rio Grande do Norte, pelo enorme sucesso que faz no Paysandu. Na avaliação do colunista, foi o melhor jogador do Campeonato Paraense.


Colaboração: Carlos Ferreira, Colunista de O Liberal.

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