SAÚDE EM REVISTA
Dormir muito não recupera horas de sono perdidas
Um fim de semana com horas generosas de sono não recupera duas semanas de noites mal dormidas. Essa é uma das conclusões de um estudo divulgado nesta quarta-feira (13) pela revista "Science Translational Medicine", que avalia os efeitos da privação do sono. Seriam necessárias várias noites de repouso completo para compensar o impacto na atenção e nos reflexos.
As pessoas costumam se sentir dispostas e atentas nas primeiras horas do dia, o que produz a falsa sensação de que o déficit de sono foi compensado. Mas, com o tempo, o cansaço crônico se impõe. De uma hora para outra, o desempenho piora muito. O estudo conseguiu medir o impacto: à noite, a resposta a um estímulo fica até dez vezes mais lenta.
O estudo menciona profissões, como a de motorista, vigia ou residente médico, cujas atividades requerem atenção contínua, mas há o costume de dormir pouco. "As pessoas que trabalham à noite precisam entender que menos de seis horas diárias de sono, por mais de duas semanas, causam um impacto muito maior no seu desempenho do que uma noite passada em claro", afirma Daniel Cohen, principal autor do estudo e pesquisador do Brigham and Women’s Hospital, em Boston.
EXPERIMENTO
A luz solar define o ritmo de muitos processos biológicos impondo um ciclo conhecido como ritmo circadiano, que dura 24 horas. O ciclo faz com que depois de 16 horas acordada, uma pessoa passe a sentir necessidade de dormir. Para que os processos biológicos (temperatura corporal, níveis de hormônios etc) funcionem bem, é importante que o ritmo diário de sono e vigília siga o circadiano.
Mas, no experimento, os pesquisadores descolaram esses dois ciclos. Queriam saber o impacto na privação de sono. Nove voluntários - quatro mulheres e cinco homens - aceitaram substituir o ciclo natural de sono e vigília - 8 horas dormindo e 16 horas despertos - por um ciclo estendido: 10 horas de sono seguidas por 33 horas de vigília.
Em cada ciclo, os voluntários viviam um episódio agudo de privação do sono: ficavam acordados mais de 24 horas. Também eram submetidos a um déficit crônico de sono: para cada hora dormindo, permaneciam três horas em vigília. Em condições normais, para cada hora de sono, as pessoas ficam acordadas duas horas.
Além disso, no experimento, os momentos de repouso deixaram de coincidir com a noite. Análises periódicas da temperatura e dos níveis de melatonina - hormônio responsável pelo sono - comprovaram que o ritmo circadiano, muitas vezes, deixou de coincidir com os ciclos de sono e vigília, pois mantinha a duração normal de 24 horas.
A cada quatro horas, eles eram submetidos a um jogo para testar seu desempenho: ao ver um sinal na tela do computador, deveriam apertar um botão. Um programa registrava o tempo decorrido entre o alerta e a tecla pressionada.
Ao comparar o desempenho, ficou claro o impacto da privação crônica de sono. Entre a primeira e a última semanas, não houve diferenças significativas de desempenho nos testes realizados nas primeiras horas da vigília.
Contudo, ao analisar o desempenho nas horas próximas aos períodos de sono, observou-se uma sensível piora a partir da segunda semana: reflexos de 667 milisegundos na primeira semana demoravam mais de dois segundos na última.
As pessoas costumam se sentir dispostas e atentas nas primeiras horas do dia, o que produz a falsa sensação de que o déficit de sono foi compensado. Mas, com o tempo, o cansaço crônico se impõe. De uma hora para outra, o desempenho piora muito. O estudo conseguiu medir o impacto: à noite, a resposta a um estímulo fica até dez vezes mais lenta.
O estudo menciona profissões, como a de motorista, vigia ou residente médico, cujas atividades requerem atenção contínua, mas há o costume de dormir pouco. "As pessoas que trabalham à noite precisam entender que menos de seis horas diárias de sono, por mais de duas semanas, causam um impacto muito maior no seu desempenho do que uma noite passada em claro", afirma Daniel Cohen, principal autor do estudo e pesquisador do Brigham and Women’s Hospital, em Boston.
EXPERIMENTO
A luz solar define o ritmo de muitos processos biológicos impondo um ciclo conhecido como ritmo circadiano, que dura 24 horas. O ciclo faz com que depois de 16 horas acordada, uma pessoa passe a sentir necessidade de dormir. Para que os processos biológicos (temperatura corporal, níveis de hormônios etc) funcionem bem, é importante que o ritmo diário de sono e vigília siga o circadiano.
Mas, no experimento, os pesquisadores descolaram esses dois ciclos. Queriam saber o impacto na privação de sono. Nove voluntários - quatro mulheres e cinco homens - aceitaram substituir o ciclo natural de sono e vigília - 8 horas dormindo e 16 horas despertos - por um ciclo estendido: 10 horas de sono seguidas por 33 horas de vigília.
Em cada ciclo, os voluntários viviam um episódio agudo de privação do sono: ficavam acordados mais de 24 horas. Também eram submetidos a um déficit crônico de sono: para cada hora dormindo, permaneciam três horas em vigília. Em condições normais, para cada hora de sono, as pessoas ficam acordadas duas horas.
Além disso, no experimento, os momentos de repouso deixaram de coincidir com a noite. Análises periódicas da temperatura e dos níveis de melatonina - hormônio responsável pelo sono - comprovaram que o ritmo circadiano, muitas vezes, deixou de coincidir com os ciclos de sono e vigília, pois mantinha a duração normal de 24 horas.
A cada quatro horas, eles eram submetidos a um jogo para testar seu desempenho: ao ver um sinal na tela do computador, deveriam apertar um botão. Um programa registrava o tempo decorrido entre o alerta e a tecla pressionada.
Ao comparar o desempenho, ficou claro o impacto da privação crônica de sono. Entre a primeira e a última semanas, não houve diferenças significativas de desempenho nos testes realizados nas primeiras horas da vigília.
Contudo, ao analisar o desempenho nas horas próximas aos períodos de sono, observou-se uma sensível piora a partir da segunda semana: reflexos de 667 milisegundos na primeira semana demoravam mais de dois segundos na última.
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